Mortalidade de matrizes, desafios entéricos e diálogo com o público encerram painel técnico da Elanco no SINSUI
O último bloco do painel promovido pela Elanco no SINSUI 2025 foi marcado por temas sensíveis e complexos da suinocultura: as causas da mortalidade de matrizes e os impactos das doenças entéricas na recria e terminação.
Mortalidade de matrizes, desafios entéricos e diálogo com o público encerram painel técnico da Elanco no SINSUI
O último bloco do painel promovido pela Elanco no SINSUI 2025 foi marcado por temas sensíveis e complexos da suinocultura: as causas da mortalidade de matrizes e os impactos das doenças entéricas na recria e terminação.
As palestras de Ricardo Yuiti Nagae (Seara) e Yuso Henrique Tutida (Pamplona) abriram espaço para um debate técnico com participação ativa do público, que trouxe à tona questionamentos sobre monitoramento, prevenção e integração de dados nas diferentes fases da produção.
Mortalidade de matrizes
Representando a Seara, Ricardo Yuiti Nagae compartilhou um panorama amplo sobre os desafios sanitários associados à mortalidade de matrizes. Ele apresentou dados que indicam que cerca de 68% dos problemas respiratórios nas unidades de gestação estão associados à produção, e que o impacto econômico das perdas, mesmo quando aparentemente pequenas, é significativo.
Um dos destaques foi a importância do diagnóstico preciso. Segundo ele, em uma das auditorias conduzidas, a equipe da Seara conseguiu realizar necropsia em praticamente 100% das fêmeas mortas, e descobriu que 58% dos casos estavam associados à torsão de órgãos internos — especialmente torsão do intestino delgado e do baço.
O levantamento demonstrou ainda que mais de 20% das mortes ocorriam nos primeiros 30 dias de ciclo. Ricardo ressaltou a importância de medidas simples, como antecipar intervenções e corrigir práticas de manejo, para reduzir perdas silenciosas.
“Muitas vezes o animal passa despercebido, mas se não diagnosticarmos a causa corretamente, continuamos tratando sintomas e não o problema real”, alertou.
Desordens entéricas
Yuso Henrique Tutida, da Pamplona Alimentos, abordou os principais desafios relacionados às doenças entéricas na fase de recria e terminação. Ele destacou que quadros persistentes de diarreia, mesmo quando intermitentes, comprometem o desempenho dos animais e afetam diretamente o resultado econômico das granjas.
Citando estimativas de mercado, Tutida explicou que os surtos entéricos podem representar aumento de até 15% no custo de produção e uma perda média de 30% no ganho de peso diário dos animais acometidos. Além disso, cerca de 20% dos custos adicionais vêm do uso de medicamentos.
Entre os fatores predisponentes, o sanitarista mencionou ventilação deficiente, alterações bruscas na dieta, qualidade inferior dos ingredientes e presença de micotoxinas. “O problema é multifatorial, e o controle exige olhar para nutrição, manejo, ambiência e sanidade ao mesmo tempo”, resumiu.
Conhecimento, dados e prevenção
Após as apresentações, o painel foi aberto ao público, que trouxe contribuições práticas e levantou questionamentos sobre o uso de dados para tomada de decisão, os custos envolvidos nas estratégias de controle sanitário e o papel da formação técnica das equipes no campo.
Representantes de diferentes elos da cadeia reforçaram a dificuldade em identificar causas reais de mortalidade, muitas vezes mascaradas por sinais secundários. Outros participantes apontaram a necessidade de padronizar a coleta e o uso de dados de produção, para que se possa agir com mais precisão em momentos de crise.
A questão da educação técnica também foi destacada como gargalo recorrente. A ausência de formação consistente dos colaboradores nas granjas foi apontada como fator limitante para implementar medidas preventivas com eficiência.
Em sua fala final, Ricardo Nagae reforçou a importância da prevenção e da capacitação como pilares do progresso sanitário. “A gente investe muito em tratamento, mas deveria investir ainda mais em evitar que o problema aconteça. E isso começa com conhecimento e com gente bem treinada.”
Liderança Sanitária
A Elanco abriu a programação do SINSUI 2025 propondo, em seu painel técnico sobre sanidade de suínos, uma reflexão sobre o papel da inteligência coletiva para garantir que o Brasil siga competitivo no cenário global da suinocultura.
Ao dar início à sessão, a Diretora de Monogástricos da empresa, Deyse Galle, destacou que a posição sanitária brasileira é fruto de competência e precisa ser preservada por meio de ações coordenadas.
Ainda durante o painel, a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, anunciou a criação da Central de Inteligência em Sanidade Suína, plataforma nacional voltada à coleta, padronização e análise de dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos.
Segundo ela, o projeto nasce inspirado em experiências internacionais, como a Central de Inteligência de Aves e Suínos europeia, e visa apoiar a vigilância ativa e a resposta técnica frente aos principais desafios sanitários da suinocultura brasileira.
Todo o painel foi acompanhado por um auditório lotado por cerca de 400 profissionais da suinocultura brasileira, que prestigiaram os debates do Sinsui 2025.
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AUTORES
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