Nutrição adequada é crucial para que leitões atinjam seu potencial de desenvolvimento
Leitões de baixo peso e a busca por uniformidade dos lotes são desafios da suinocultura

Nutrição adequada é crucial para que leitões atinjam seu potencial de desenvolvimento
As primeiras fases de vida dos leitões exigem programas especiais de nutrição. Um dos grandes objetivos da cadeia produtiva é aumentar o tamanho das leitegadas, mas uma série de fatores pode dificultar que esses animais atinjam todo o seu potencial genético. O doutor em Ciência Animal, Jesus Acosta, abordou durante a programação científica do 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), as possibilidades de melhorar a uniformidade dos leitões, por meio do manejo nutricional.
O doutor em Ciência Animal, Jesus Acosta, abordou as possibilidades de melhorar a uniformidade dos leitões, por meio do manejo nutricional (Foto: Caroline Lorenzetti/MB Comunicação).
O tamanho da leitegada e o peso dos animais no nascimento são variáveis com grande impacto na rentabilidade da produção suína. Para assegurar uma nutrição adequada, que contribua para a uniformidade dos leitões, as estratégias devem iniciar ainda antes da ovulação das fêmeas.
Segundo Acosta, a base de todo esse processo está em manter as reservas corporais das fêmeas. “É muito importante entender que nas fêmeas as reservas corporais têm muito a ver com produtividade”, explica o especialista.
Durante a gestação, por exemplo, dependendo da condição da fêmea, é necessário aumentar ou restringir as reservas. “Nosso propósito é evitar que a nutrição seja um limitante. Precisamos maximizar a transferência de nutrientes e garantir a manutenção de uma condição corporal ideal para produzir uma boa gestação”.
Para reduzir a variação de peso dos leitões no nascimento, ou seja, melhorar a homogeneidade, bem como aperfeiçoar o desempenho produtivo dos leitões nas próximas fases de criação, Acosta cita como componentes estratégicos os níveis de energia, dos aminoácidos e dos microminerais das dietas.
Em relação à energia, é necessário balancear bem as reservas das fêmeas, por meio do manejo da dieta. Nos aminoácidos, há bons indícios de que explorar a suplementação com arginina e glutamina pode reduzir a variabilidade na leitegada. Já os minerais podem contribuir para que os leitões ganhem peso e apresentem melhor desempenho desde o desmame até a terminação.
As médicas veterinárias Djane Dallanora e Fernanda Almeida completaram o debate, ao trazer para a programação o tema “Desmistificando leitões de baixo peso: da teoria à prática”.
A seleção de fêmeas hiperprolíficas, aquelas que produzem um maior número de leitões por leitegada, permitiu um crescimento substancial da suinocultura, no entanto, um grande desafio surgiu nesse contexto: os leitões de baixo peso.
“Estamos diante de uma espécie que gera leitegadas enormes, mas temos um problema anatômico de capacidade uterina nas nossas fêmeas, agravado pela característica da placenta suína, que não representa uma interface materno-fetal eficaz”, pontua Fernanda.

Dra. Fernanda Almeida participou do debate sobre leitões de baixo peso (Foto: Caroline Lorenzetti/MB Comunicação).
Essas condições fazem com que os fetos cresçam menos, pois ficam sem espaço no útero. Ao nascer, esses leitões com baixo peso corporal dificilmente alcançarão o mesmo peso de uma leitegada que nasceu com peso considerado normal, acarretando num desenvolvimento abaixo do esperado e, até mesmo resultar em um menor desenvolvimento muscular.
“Atuar diretamente sobre animais de baixa viabilidade é um tanto arriscado, porque são animais que, mesmo ao fornecer a melhor dieta, não competirão com seus irmãos que nasceram com peso normal. São alterações que acontecem dentro do útero e que impactarão durante toda a vida do indivíduo, por isso nosso foco é atuar sobre a fêmea”, salientou Fernanda.
Na visão de Fernanda, o ideal seria atuar na melhoria da nutrição da fêmea para que ela consiga fornecer um ambiente uterino favorável ao desenvolvimento dos seus leitões. “São vários alvos de ação que podemos observar para favorecer o crescimento desses animais ainda no útero, como investir em qualidade de microbiota, oferecendo probióticos para a fêmea gestante”, detalha.
Já Djane, explana sobre cada fase dos leitões de baixa viabilidade, e boas práticas que devem ser adotadas na granja em termos de nutrição e sanidade. Segundo a veterinária, o manejo dos leitões durante a lactação interferirá diretamente em seu desempenho até a terminação.

Dra. Djane Dallanora destacou práticas que devem ser adotadas na granja em termos de nutrição e sanidade (Foto: Caroline Lorenzetti/MB Comunicação).
Para entender as causalidades dos leitões de baixo peso, é preciso olhar para a maternidade e entender o histórico da leitegada. “É preciso identificar se teve um leitão pequeno de cada leitegada, se foram várias leitegadas de leitões pequenos, ou se teve leitões pequenos por conta de problemas sanitários, como incidência de diarreia. Quando identifico essa causa raiz que está gerando o leitão de baixo peso, vou poder tomar ações apropriadas”.
O manejo do colostro é primordial nesse aspecto. Dados apresentados pela doutora mostram que é possível compensar um menor peso ao nascimento com um alto consumo de colostro. “Mamar o colostro é fundamental, impactará na sobrevivência e no desempenho”, destaca a especialista.
Outras ferramentas que Djane considera crucial para a virada de resultado na maternidade são a classificação pós-parto e a lotação de aparelho mamário. “Temos que entender a dinâmica de lactação, a lotação de aparelho mamário e preparar bem as fêmeas, estimulando o aparelho mamário na sua primeira e segunda lactação. Isso definirá a funcionalidade do aparelho mamário durante toda a vida dela e vai fazer com que ela produza leite suficiente para um número tão grande de leitões”.
A doutora ainda chama a atenção para a importância dos cuidados com questões sanitárias nas creches, como a limpeza e desinfecção corretas, organização de manejos básicos de alojamento, como o vazio sanitário adequado, e o investimento em sistemas de climatização para assegurar a qualidade do ar.
Fonte: MB Comunicação, Assessoria de Imprensa Nucleovet
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