Isso ocorre devido à falta de uma taxa de resfriamento ideal para temperaturas inferiores, bem como de um diluidor capaz de proteger as células espermáticas contra os efeitos deletérios da baixa temperatura por um período prolongado de estocagem.
A capacidade de armazenar o sêmen a baixas temperaturas, por um prolongado período de tempo e sem alterações na viabilidade espermática, tem sido um dos principais desafios das centrais produtoras de sêmen suíno. Clique aqui para ler o artigo completo!
A tecnologia de preservação do sêmen suíno tradicionalmente adotada nas centrais de Inseminação Artificial (CIAs) compreende o armazenamento das doses inseminantes à temperatura entre 16ºC e 18ºC e sua utilização em até 48-72 horas após a coleta.
Isso ocorre devido à falta de uma taxa de resfriamento ideal para temperaturas inferiores, bem como de um diluidor capaz de proteger as células espermáticas contra os efeitos deletérios da baixa temperatura por um período prolongado de estocagem.
Entretanto, essa temperatura de 16-18°C limita armazenamento das doses por períodos prolongados, em virtude de não interromper totalmente o metabolismo das células espermáticas e a multiplicação bacteriana, propiciando o acúmulo de metabólitos que podem interferir na qualidade do sêmen.
A capacidade de armazenar o sêmen a baixas temperaturas, por um prolongado período de tempo e sem alterações na viabilidade espermática, tem sido um dos principais desafios das centrais produtoras de sêmen suíno.
A possibilidade de armazenar e transportar o sêmen suíno à temperatura de 5°C seria uma importante alternativa para viabilizar a preservação do sêmen suíno por um período de tempo superior ao que vem sendo rotineiramente utilizado (16 a 18°C), para otimizar o transporte a longas distâncias e otimizar a utilização de reprodutores melhoradores apenas no local da colheita do sêmen.
O armazenamento do sêmen suíno a temperaturas próximas a 5°C seria conveniente para a maioria dos produtores, uma vez que as doses inseminantes poderiam permanecer armazenadas em refrigeradores domésticos.
A redução da temperatura de armazenamento para valores inferiores a 15°C tem sido ocasionalmente mencionada na literatura nacional e internacional para o transporte do sêmen suíno.
Alguns estudos têm utilizado temperaturas de 5-7°C para prolongar a viabilidade dos espermatozoides, em virtude da desaceleração dos processos metabólicos celulares. Teoricamente, quanto mais baixa a temperatura de armazenamento, menor seria o metabolismo celular e maior o tempo de estocagem das doses inseminantes.
Porém, o espermatozoide suíno é particularmente sensível ao resfriamento a temperaturas inferiores a 15ºC, o que resulta em uma diminuição da sobrevivência espermática quando o sêmen fresco é resfriado rapidamente para temperaturas abaixo desse valor. O resfriamento rápido das células espermáticas causa danos celulares e é comu-mente chamado de choque térmico ou cold shock.
O choque térmico é caracterizado pela presença de:
Esses efeitos são mais severos a temperaturas na faixa de 12 a 2°C, ou quando os espermatozoides do ejaculado são rapidamente resfriados, da temperatura corporal a temperaturas abaixo de 15°C. Por essa razão, as centrais de inseminação seguem utilizando a temperatura de 17°C no armazenamento e transporte das doses inseminantes, porém com limitada longevidade.
A extensão dos danos celulares causados pelo choque térmico está relacionada com vários fatores, podendo citar o formato da cabeça do espermatozoide e a estrutura e composição da sua membrana plasmática.
O êxito no processo de ultrarresfriamento do sêmen suíno, portanto, só poderá ser alcançado por meio de adequado armazenamento e do desenvolvimento de um diluidor capaz de proteger a célula espermática dos efeitos adversos da baixa temperatura.
Nesse contexto, novas alternativas vêm sendo propostas para a viabilização do uso do resfriamento a 5°C, entre elas a criação de um diluidor capaz de manter a capacidade fecundante da célula espermática nessa faixa de temperatura (5±1°C).
Na década de 50, diluidores contendo gema de ovo ou leite, desenvolvidos para uso na espécie bovina, foram adaptados para a preservação do sêmen suíno a 5-7°C. Contudo, como o espermatozoide suíno é mais sensível ao choque pelo frio que o espermatozoide bovino, as taxas de parto obtidas com a utilização desses diluidores foram aceitáveis somente quando o sêmen foi utilizado no dia da coleta ou após um dia de estocagem a 7°C.
Em 2002, o professor R. Foote, da Universidade de Cornell, desenvolveu um diluidor à base de glicina e 20% de gema de ovo (GGo) próprio para a preservação do sêmen suíno à temperatura de 5°C. Em seu estudo, Foote utilizou sêmen suíno preservado por 48 horas em refrigerador a 5°C, para inseminar 70 leitoas e 55 porcas, e obteve desempenho reprodutivo semelhante ao observado no uso do sêmen congelado (taxa de parto de 63% e 10,1 leitões nascidos vivos).
Diante dessa realidade, no Brasil, várias pesquisas têm sido conduzidas com o objetivo de viabilizar o transporte e a utilização do ultrarresfriamento do sêmen suíno. Em 2003, Roner desenvolveu um contêiner para o resfriamento e conservação do sêmen suíno simples e barato, capaz de propiciar um resfriamento lento das células espermáticas e a obtenção de duas temperaturas de estocagem das doses, em um mesmo contêiner (5 ± 1°C e/ou 17 ± 1°C), com o tempo médio de manutenção dessas temperaturas de 43 e 53 horas, respectivamente.
Posteriormente, utilizando o contêiner proposto por Roner (2003), avaliou o desempenho reprodutivo de fêmeas inseminadas com sêmen diluído em diluidor GGo e armazenado a 5°C, com resultados superiores aos obtidos anteriormente. Nessa mesma linha de pesquisa, vários outros estudos foram conduzidos utilizando o mesmo contêiner e temperatura de armazenamento, porém com diferentes frações do ejaculado (P1: porção 1 do ejaculado, correspondente aos primeiros 15 ml da fração espermática rica) e tempos de armazenamento.
Nesses estudos, resultados de até 90% de taxa de parto e 13,4 nascidos totais foram obtidos, quando da utilização das doses inseminantes resfriadas a 5°C.
Apesar das inúmeras vantagens dessas novas tecnologias de ultrarresfriamento do sêmen suíno e dos resultados serem promissores, há ainda necessidade de testar um grande número de reprodutores como também de realizar experimentos em campo de maior magnitude para confirmar o desempenho reprodutivo de fêmeas inseminadas com sêmen resfriado a 5°C.
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