Nutrição e Alimentação

Granja e Fábrica de Rações: uma relação de cliente e fornecedor

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Granja e Fábrica de Rações: uma relação de cliente e fornecedor

Grande parte das propriedades suinícolas possui fábrica de ração própria. A decisão é estratégica, pautada por custo, logística e facilidade operacional. No entanto, operar uma fábrica dentro da granja aumenta responsabilidades e exige a administração de dois negócios distintos, com equipes, estruturas e objetivos diferentes.

Uma forma eficiente de organizar essa dinâmica é enxergar a granja como cliente e a fábrica como fornecedora. Esse modelo facilita o entendimento de responsabilidades e melhora a comunicação entre os setores.

A seguir, apresentamos uma metodologia que pode ser aplicada tanto em propriedades que já possuem essa estrutura quanto naquelas que pretendem implantá-la.

O pedido começa na granja

  • Número de animais
  • Categoria 
  • Idade média dos lotes e
  • Fase produtiva (gestação, lactação, terminação, etc.).

Com essas informações, é possível estimar o consumo de ração para um período (por exemplo, sete ou quinze dias).

Um erro comum é não considerar a sobra de ração no silo, o que pode gerar problemas logísticos e financeiros.

Vejamos a seguir o esquema que ilustra o cálculo e alguns exemplos do porquê é importante considerar a sobra de ração:

A importância da leitura de silo

A leitura correta do silo permite calcular o volume de ração ainda armazenado. Isso evita:

Granja e Fábrica de Rações: uma relação de cliente e fornecedor

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Como fazer a leitura correta

A leitura envolve abrir o silo com segurança, subir com EPI e avaliar visualmente o nível da ração. O silo é dividido entre funil e anéis, com capacidades distintas conforme o modelo. Por exemplo: cada anel pode armazenar 2 toneladas e o funil, 3 toneladas. Se o segundo anel estiver pela metade e o funil estiver cheio, temos cerca de 4 toneladas restantes.

Além disso, a densidade dos ingredientes interfere no volume ocupado. Milho e sorgo, por exemplo, têm densidades diferentes. Por isso, é recomendado realizar leituras calibradas, esvaziando os silos e verificando até onde a ração vai quando se conhece o peso descarregado.

Com o tempo, os colaboradores desenvolvem maior precisão, utilizando referências visuais como o número de parafusos visíveis nos anéis, ganhando agilidade e confiabilidade na medição.

Abaixo está apresentada uma ilustração-exemplo a fim de orientar a leitura de silo:

Organização da fábrica de rações

Pedidos de última hora são prejudiciais. Eles forçam a fábrica a reagir no improviso, comprometendo a eficiência e aumentando os riscos de erro. A solução é implementar uma Ordem de Produção de Rações (OPR).

A fábrica precisa conhecer bem sua capacidade:

Com esses dados em mãos, é possível prever quantas toneladas podem ser produzidas por dia ou semana.

Com o pedido feito corretamente e com antecedência, a fábrica consegue organizar a OPR de forma eficiente, respeitando exigências legais, como as da Portaria 798/2023, que trata de contaminação cruzada, uso de medicamentos e especificações de ingredientes.

A OPR também facilita processos como pesagem antecipada, organização de insumos e abertura de sacarias, otimizando o tempo da equipe.

Granja e Fábrica de Rações: uma relação de cliente e fornecedor

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Limpeza, organização e boas práticas

Planejamento também permite cumprir exigências importantes, como a limpeza e organização da fábrica, muitas vezes negligenciadas na correria. Com um cronograma bem definido, essas atividades deixam de ser um problema e passam a compor a rotina de boas práticas da produção.

A OPR deve conter:

Observações (limpeza de equipamentos, trocas de ingredientes, especificidades do pedido)

Granja e Fábrica de Rações: uma relação de cliente e fornecedor

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Auditoria interna: mais controle, menos desperdício

Organizando os processos da granja e da fábrica, é possível implementar auditorias internas. Elas ajudam a controlar o consumo dos animais e permitem que a fábrica mantenha um ciclo de produção padronizado.

Esse controle garante melhor gestão de estoque e facilita o planejamento de compras de matéria-prima. Além disso, evita faltas e garante que a fábrica esteja sempre pronta para atender às demandas da granja de forma previsível.

A rotina ideal: como deve ser feito o pedido

O pedido de ração deve conter:

  1. Resultado da leitura de silo
  2. Número e categoria dos animais 
  3. Estimativa de consumo 
  4. Tipo e quantidade da ração necessária 

Agindo como cliente consciente, a granja respeita o prazo e a capacidade do seu fornecedor, a fábrica, que por sua vez deve estar preparada para entregar ração de qualidade no tempo certo.

Considerações finais

Adotando essa metodologia, a gestão se torna mais eficiente e o fluxo de produção, mais previsível. A granja melhora seu desempenho e a fábrica ganha em organização, constância e qualidade de entrega.

Além disso, promove-se um ambiente de trabalho mais leve e produtivo, com rotinas padronizadas e menos imprevistos. O melhor de tudo: não é necessário investimento financeiro – apenas organização, método e disciplina.

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