Nutrição e Alimentação

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

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Gefferson Almeida da Silva

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José Paulo Hiroji Sato

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Jovan Sabadin

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Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

A matriz suína é o alicerce biológico dos sistemas produtivos de suínos, impactando diretamente a eficiência zootécnica e econômica das gerações subsequentes. O aumento da produtividade das fêmeas, fruto de avanços em genética, nutrição e manejo, elevou também suas exigências fisiológicas, tornando-as mais vulneráveis a desafios sanitários e ambientais. Dentre esses desafios, destaca-se a presença de micotoxinas na alimentação, contaminantes invisíveis que afetam saúde, fertilidade e longevidade das matrizes.

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

Micotoxinas: Origem e Riscos

As micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos presentes em lavouras ou sistemas de armazenamento de grãos, como por exemplo fungos dos gêneros Aspergillus, Fusarium e Penicillium. Sua presença em grãos é favorecida por fatores climáticos, práticas agrícolas inadequadas, falhas na colheita, armazenamento deficiente e contaminação cruzada. Como os grãos são adquiridos como commodities, muitas vezes sem controle efetivo de qualidade, os suinocultores enfrentam limitações para garantir ingredientes livres de toxinas.

Figura 1 – Evolução da positividade e da coocorrência de micotoxinas em rações e ingredientes, analisados pela Vetanco em seus laboratórios (2016–2024).

Figura 1 – Evolução da positividade e da coocorrência de micotoxinas em rações e ingredientes, analisados pela Vetanco em seus laboratórios (2016–2024).

Principais Micotoxinas e Efeitos nas Matrizes

Aflatoxinas – As aflatoxinas são micotoxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus, sendo altamente tóxicas para suínos, mesmo em níveis subclínicos. Em matrizes suínas, sua ingestão crônica compromete a produtividade ao reduzir o consumo de ração, afetar a fertilidade e aumentar os casos de natimortos. Os efeitos na longevidade incluem maior taxa de descarte precoce e menor vida produtiva, elevando os custos de reposição. Do ponto de vista da saúde, são hepatotóxicas e imunossupressoras, afetando o fígado, o sistema imune e o reprodutivo, além de impactarem negativamente o desenvolvimento dos leitões via leite contaminado.

Zearalenona – A zearalenona (ZEA) é uma micotoxina estrogênica produzida por fungos do gênero Fusarium, comumente encontrada em grãos como milho, soja, trigo e cevada. Em matrizes suínas, sua ação mimetiza o estradiol, provocando distúrbios hormonais e reprodutivos. Os principais efeitos incluem alterações no ciclo estral, ovulação retardada, cistos ovarianos, hiperplasia endometrial e desenvolvimento anormal das glândulas mamárias. Estudos recentes demonstram que há interferência da ZEA em qualidade das vilosidades intestinais e interferência na microbiota intestinal. Esses impactos comprometem a fertilidade, aumentam a incidência de natimortos e leitões de baixo peso, e levam ao descarte precoce das fêmeas, reduzindo a longevidade produtiva do plantel.

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

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Fumonisinas – As fumonisinas são micotoxinas produzidas por Fusarium verticillioides e F. proliferatum, frequentemente presentes em grãos como o milho. Em matrizes suínas, a exposição crônica compromete a produtividade, provocando redução no consumo de ração, falhas reprodutivas e prejuízos à saúde intestinal. Os efeitos sobre a longevidade incluem aumento da mortalidade por edema pulmonar, descarte precoce e menor vida produtiva. Além disso, as fumonisinas afetam o sistema respiratório, fígado, pâncreas e imunidade, resultando em maior vulnerabilidade a infecções e menor resposta vacinal.

Ocratoxina A – A ocratoxina A (OTA), produzida por fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium, é frequentemente encontrada em grãos como milho, trigo e cevada. Sua ingestão por matrizes suínas compromete a produtividade ao reduzir o consumo de ração, afetar a absorção de nutrientes e interferir na fertilidade. A intoxicação também pode levar ao descarte precoce, aumento da mortalidade e redução da vida produtiva. Do ponto de vista da saúde, a OTA provoca imunossupressão, lesões intestinais, distúrbios reprodutivos, nefrotoxicidade e estresse oxidativo, tornando-se uma ameaça relevante à eficiência reprodutiva das fêmeas suínas.

Tricotecenos (DON, T-2, etc.) – Os tricotecenos são micotoxinas produzidas por fungos do gênero Fusarium, com destaque para o deoxinivalenol (DON) e a toxina T-2, frequentemente presentes em grãos como milho, soja, trigo e cevada. Em matrizes suínas, esses compostos comprometem a produtividade ao reduzir o consumo de ração, causar lesões intestinais e interferir na produção hormonal, afetando negativamente a fertilidade. A exposição prolongada pode levar ao descarte precoce das fêmeas, reduzindo resposta vacinal, aumento da mortalidade e redução da vida produtiva. Além disso, os tricotecenos afetam a saúde por causar imunossupressão, disfunções digestivas e reprodutivas, comprometendo o desempenho e o bem-estar das matrizes.

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

Alcaloides de Ergot – são micotoxinas produzidas por fungos do gênero Claviceps, principalmente C. purpurea, que contaminam cereais como centeio, triticale, aveia, trigo e cevada. Em matrizes suínas, sua ingestão compromete a produtividade ao reduzir o consumo de ração, interferir na produção de leite e causar distúrbios reprodutivos, como abortos e baixa taxa de concepção. A toxicidade dessas substâncias também afeta a longevidade das matrizes, contribuindo para descartes precoces e aumento da mortalidade, especialmente em partos. Do ponto de vista da saúde, os alcaloides de ergot causam vasoconstrição, necrose de extremidades, imunossupressão e disfunções reprodutivas severas.

Na tabela 02, a seguir, está um resumo de uma metanálise feita de artigos, sites, livros e experiências de campo sobre os sinais que cada uma das micotoxinas podem causar aos suínos:

Sinergia entre Micotoxinas

A presença simultânea de múltiplas micotoxinas em rações é uma realidade comum na suinocultura, devido à contaminação de grãos por vários gêneros de fungos. Essa coocorrência pode resultar em interações sinérgicas, onde os efeitos tóxicos combinados superam a soma dos efeitos individuais de cada micotoxina, mesmo quando presentes em níveis abaixo dos limites considerados seguros.

Exemplos de Interações Sinérgicas:

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

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Impactos Fisiológicos nas Matrizes

Como forma de sintetizar os efeitos causados pelas micotoxinas na suinocultura e em especial no plantel de matrizes produtivas, pode-se afirmar de micotoxinas afetam em:

Impacto das micotoxinas na longevidade, saúde e produtividade de matrizes suínas

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Conclusão

As micotoxinas configuram-se como um dos principais desafios silenciosos que comprometem o desempenho produtivo das matrizes suínas, com impactos significativos sobre a saúde, a fertilidade e a longevidade produtiva.

A adoção de uma abordagem preventiva, aliada ao monitoramento sistemático da qualidade dos ingredientes utilizados na formulação de rações, cuidados no armazenamento de matérias primas e à utilização de aditivos antimicotoxinas eficazes, é fundamental para assegurar a não ocorrência de micotoxicoses no plantel, mantendo o bem-estar, a eficiência zootécnica e a permanência das fêmeas no plantel reprodutivo.

Essas estratégias são determinantes para a redução de perdas econômicas associadas ao descarte precoce de matrizes, contribuindo para a sustentabilidade e rentabilidade dos sistemas produtivos.

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