Indicadores que viram dinheiro: como sair do “apagar incêndio” e construir estabilidade produtiva na suinocultura
Guilherme Brant explica como gestão descomplicada e indicadores financeiros impulsionam a estabilidade produtiva na suinocultura moderna brasileira.
Indicadores que viram dinheiro: como sair do “apagar incêndio” e construir estabilidade produtiva na suinocultura
Durante o 21º Congresso Nacional da Abraves, o estúdio agriPlay, iniciativa da suínoBrasil e espaço oficial de entrevistas do evento, recebeu o consultor Guilherme Brant, diretor da GBR Consultoria e referência nacional em reprodução e gestão de indicadores na suinocultura. Com mais de 3 décadas de experiência — boa parte delas na BRF —, Brant destacou a importância da gestão descomplicada e do uso inteligente de dados como caminhos para alcançar estabilidade produtiva e financeira nas granjas.
Para o especialista, o primeiro passo para sair da rotina de “apagar incêndios” é fazer o básico bem feito: definir indicadores não negociáveis, manter rotinas semanais de acompanhamento e garantir que cada funcionário tenha metas claras e responsabilidade sobre os resultados.
“Toda pessoa da granja precisa ter pelo menos cinco metas, independentemente do setor. Mesmo que nem sempre entenda o motivo de cada cobrança, o importante é que ela se sinta parte do processo”, explicou.
Ao falar sobre indicadores reprodutivos, Brant reforçou que a leitura dos números precisa estar diretamente conectada à realidade financeira da granja. “O maior indicador é o financeiro. A suinocultura não pode cair na armadilha da ‘produtivaidade’ — a vaidade mascarada de produtividade. O que importa é o quilo que gera lucro, não o que dá status”, afirmou. Ele citou o exemplo de uma empresa exportadora para o Japão, que reduziu o peso do animal e, mesmo assim, aumentou o ganho por qualidade.
Assista a entrevista completa:
O especialista destacou ainda o papel dos dados e da inteligência artificial no processo decisório. Embora tecnologias como análise automatizada de pulmões já sejam realidade em alguns países, ele lembrou que, no campo, o essencial ainda é usar bem as informações que já existem.
“Antes da inteligência artificial, vem a inteligência natural. Precisamos olhar para os dados que já temos: consumo de água, temperatura, densidade, fluxo de cocho, resultados de necrópsia e qualidade das sobras. É isso que mostra o que está funcionando e o que precisa mudar.”
Outro ponto enfatizado foi a reposição de matrizes, que Brant considera uma das etapas mais sensíveis do sistema. Segundo ele, o erro mais caro é não planejar quem será coberto na semana do desmame, o que compromete a longevidade produtiva e a uniformidade dos lotes. “A leitoa é muitas vezes maltratada, e isso custa caro. É preciso definir desde cedo quem entra, quem sai e garantir preparo nutricional adequado para cada fase.”
Assista a entrevista completa:
Para Brant, a estabilidade produtiva é construída com indicadores simples, metas claras e times capacitados. E, em tempos de margens estreitas, o recado é direto:
“Não é para amadores. Antes de culpar o aditivo, o equipamento ou o mercado, olhe se o básico está bem feito. A fazenda precisa ter gestão, método e propósito.”
O consultor encerrou com uma reflexão sobre o bom momento vivido pela suinocultura brasileira e a importância dos jovens se aproximarem do setor. “A suinocultura faz coisas boas para comer e para as pessoas. É um setor que deu certo e que ainda tem muito a crescer. Quem gosta de gente, de números e de desafios, tem espaço aqui.”
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