Perspectivas da suinocultura global e os impactos no mercado nacional
Por: Maria Walsh, Diretora de Marketing Global para Suínos na dsm-firmenich
Investimentos intensificados para cuidados com o animal é necessidade para atender à demanda por produção de alimentos melhores e mais sustentáveis
Perspectivas da suinocultura global e os impactos no mercado nacional
Por: Maria Walsh, Diretora de Marketing Global para Suínos na dsm-firmenich
A suinocultura moderna chegou ao Brasil com raças europeias trazidas pelos colonizadores há muitos anos. Além dos animais, os modelos construtivos e procedimentos de manejo foram igualmente importados e adaptados ao nosso país. Essa influência existe até hoje quando falamos, por exemplo, sobre o banimento de promotores de crescimento, uso consciente de antimicrobianos e padrões de bem-estar na criação de suínos, com referências normativas mundiais.
A Europa gerou os principais estudos sobre bem-estar animal, estabelecendo tradição de políticas públicas sobre o tema, tornando-se um dos principais players do mercado de carne suína, com requerimentos de qualidade de vida dos animais como um conceito primordial em suas legislações. Esse cuidado com a saúde e o bem-estar dos suínos é um fator de grande relevância, demandado pelo consumidor e completamente associado à produção de carne segura e sustentável. Consequentemente, a ausência dele resulta em uma carne percebida como de qualidade inferior.
O Brasil intensificou suas ações na suinocultura, tendo em vista a influência europeia na criação de suínos. O país é hoje o quarto maior produtor e exportador global, ficando atrás apenas da China, União Europeia e Estados Unidos. Para garantir a qualidade da carne e as exigências nutricionais, o Brasil vem adotando novas tecnologias e normas internacionais, sobretudo as que tratam do bem-estar animal, uma preocupação prioritária no setor.
Seguindo a tendência mundial de mudanças na atividade, o investimento em cuidados com o animal se intensificou para atender à demanda por produção de alimentos melhores e sustentáveis. Destaco, principalmente, como as boas práticas na suinocultura têm sido cruciais para alcançar esse ideal. Ao garantir saúde e bem-estar aos suínos, o desempenho do animal melhora, assim como a eficiência geral da produção – o que acaba impulsionando uma atividade pecuária mais sustentável. Hoje, este é um compromisso de toda a cadeia produtiva, desde o produtor, passando pelas granjas, agroindústria e os transportadores até a preparação para o abate.
Nesse sentido, as empresas têm se comprometido, por exemplo, com o banimento do uso de gaiolas e criação de ambientes em baias coletivas, estimulando um comportamento mais natural dos suínos, entre outras práticas questionadas, como a identificação dos animais por meio de mossas aplicadas nas orelhas e a castração cirúrgica – seguindo, sobretudo, o que está previsto na Instrução Normativa 113/2020, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que fala sobre as boas práticas de manejo de suínos de criação comercial.
Mas não para por aí. As iniciativas estendem-se ainda sobre o desenvolvimento, validação e a utilização de alternativas aos promotores usuais de crescimento, bem como o uso de antibióticos. Na companhia que represento, temos diversas soluções inovadoras para otimizar a saúde do trato gastrointestinal dos animais de produção, sendo elas, inclusive, alternativas para a substituição parcial ou total de produtos com efeito na luz intestinal e sem o potencial de ocorrência de resistência antimicrobiana.
A estratégia da substituição e diminuição do uso dos antibióticos no processo alimentar animal contribui inclusive para conservar e potencializar o uso dos antibióticos quando utilizados para tratamento de doenças quando eles são de fato necessários. Há uma grande variedade de aditivos de alimentos para melhorar a eficiência digestiva e o crescimento de suínos em todas as fases da produção.
A redução de óxido de zinco, também usado como promotor de crescimento em leitões, tem sido recentemente bastante questionada. Isso porque, ainda que seja considerado essencial para a manutenção de várias funções fisiológicas e metabólicas dos suínos, ele é um metal pesado que pode contaminar o solo e as águas quando excretado em excesso no meio ambiente. A discussão não é nova na Europa, mas intensificou-se há dois anos, quando a União Europeia proibiu seu uso, permitindo-o apenas para fins terapêuticos – tolerado com doses abaixo de 150 ppm.
E a legislação brasileira em médio prazo também deverá provavelmente restringir o uso do composto químico, o que está mobilizando a indústria a buscar por alternativas eficazes para a inclusão de novas soluções na dieta alimentar de leitões. Tudo isso requer uma atenção intensificada para a saúde intestinal dos suínos.
Para garantir a qualidade da produção suína, do manejo aos cuidados com a alimentação do animal e com o meio ambiente, é necessário priorizar o planejamento e gestão da atividade. Tendo isso em vista é possível afirmar que cuidar da saúde e do bem-estar animal em todas as fases do ciclo de vida resulta na melhora do desempenho animal e na eficiência geral da produção. Estas práticas, combinadas às tecnologias de precisão, vêm impulsionando uma produção animal mais responsável, eficiente e sustentável.
Hoje, já está disponível no mercado uma tecnologia que combina a mais avançada ferramenta de cálculo de pegada ambiental à sustentabilidade especializada, produção animal e conhecimento nutricional que ajuda a criar soluções sob medida e práticas e projetos de desenvolvimento de negócios que aumentem a sustentabilidade ambiental e a lucratividade em animais de produção. É algo surpreendente.
Importante ter em mente que toda essa inovação contribui com o crescimento da indústria nacional de suínos. E o Brasil é uma potência mundial na produção da espécie, que se fortalece com toda a influência global para o setor. Eu discorrerei mais sobre a perspectiva global da suinocultura no simpósio da dsm-firmenich na pré-abertura da ABRAVES Nacional 2023.
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