agronutri topo janeiro/24
16 fev 2021

Transferência de imunoglobulinas para leitões: como é o processo?

Os leitões recém-nascidos nascem sem proteção imunológica devido à natureza epiteliocorial da placenta suína, que não permite a transferência de grandes moléculas durante a interface materno-fetal. Clique aqui entenda como funciona a transferência de imunoglobulinas para leitões!

Transferência de imunoglobulinas para leitões: como é o processo?

Os leitões recém-nascidos nascem sem proteção imunológica devido à natureza epiteliocorial da placenta suína, que não permite a transferência de grandes moléculas durante a interface materno-fetal. A defesa imunológica é adquirida a partir da ingestão de colostro que é rico em imunoglobulinas, adquirindo, assim, a imunidade passiva, antes de produzirem adequadamente suas próprias imunoglobulinas com 3-4 semanas de idade.

 

 

Nos últimos 30 anos, tem havido um aumento constante no número de leitões nascidos, com o tamanho da leitegada aumentando em média de 11 para 14 leitões, com alguns países atingindo uma média de 16 leitões.

Atualmente, ter leitegadas de até 18-20 leitões não é incomum em sistemas de produção com fêmeas hiperprolíficas. Como, em média, as porcas podem ter um úbere com 14 a 16 tetas, as leitegadas maiores são difíceis de manusear durante a lactação.

As leitegadas grandes também podem afetar diretamente os leitões ao nascer.

Quanto maior o número de leitões nascidos na leitegada, menor será o seu peso médio ao nascer e maior será a variação do peso dentro da leitegada.

Um maior número de leitões nascidos do que o número de tetos disponíveis no úbere da porca, um menor peso ao nascer e uma maior variação do peso ao nascer aumentam a competição dos leitões pela ingestão de colostro.

Da mesma forma, o baixo peso ao nascer e o tempo de parto prolongado estão associados a uma menor vitalidade do leitão ao nascimento, o que pode atrasar o acesso ao úbere.

Proteção por imunoglobulinas

A presença constante da imunoglobulina A secretória materna (sIgA) no leite garante a proteção da mucosa intestinal dos leitões. 

Ao ingerir quantidades suficientes de leite, a sIgA fornece proteção localizada ao intestino, permitindo que desenvolvam gradualmente seus próprios mecanismos de resposta imunológica.

Outras imunoglobulinas, como IgG, são mais concentradas no colostro, e a maior parte do colostro é produzida antes do parto e logo após o parto.

No colostro, o nível de IgG pode ser quatro vezes maior do que o nível de IgA e IgG no soro da matriz suína.

O fechamento das junções intestinais em leitões ocorre entre 24 e 36 h após o nascimento, impossibilitando a absorção das imunoglobulinas presentes no colostro.

A falha dos leitões em obter uma ingestão suficiente de colostro a tempo é considerada a principal causa de morte dos leitões nos primeiros dias após o nascimento.

A quantidade recomendada de colostro necessária por leitão é de pelo menos 200 g para minimizar a mortalidade e 250 g para um bom ganho de peso corporal.

Tendo em vista que a quantidade de colostro oferecida é limitada em tempo útil pela própria produção da porca, existe a possibilidade de que em leitegadas maiores alguns dos leitões possam não ingerir a quantidade de colostro adequada.

PROBLEMAS COM LEITEGADAS MAIORES 

Condições de estresse social, como competição por colostro e ingestão de leite, superlotação e reagrupamento são mais comuns em leitegadas grandes.

 

Essas condições podem induzir efeitos de curto e longo prazo em suínos sobre sua imunidade. O estresse psicossocial pode alterar as mudanças nas respostas imunes inatas e adaptativas, como distribuição de leucócitos, secreção de citocinas, proliferação de linfócitos, produção de anticorpos e respostas imunes à infecção viral ou vacinação.

Além disso, o estresse social pode induzir ou promover doenças gastrointestinais a partir da desregulação dos processos inflamatórios e da resistência dos linfócitos aos glicocorticóides, sendo o cortisol o principal glicocorticóide induzido pelo estresse em suínos.

Em um estudo recente foi constatado que, no primeiro dia de vida, o nível plasmático de IgG de leitões é afetado negativamente por uma diminuição linear de 0,4 g / L para cada leitão nascido, indicando como o parto prolongado em leitegadas maiores pode prejudicar a captação de imunidade passiva em leitões recém-nascidos.

 

O baixo peso ao nascer pode afetar negativamente a ingestão de colostro, aumentando o risco de mortalidade.

Estudos relatam que a ingestão tardia de colostro após o nascimento afetou negativamente a absorção de imunoglobulinas pelos leitões e a maturação de suas vilosidades intestinais, possivelmente prejudicando seu processo de digestão a longo prazo.

 

Fonte: Oliviero, C., Peltoniemi, O. Troubled process of parturition of the domestic pig. 2020. Animal reproduction in Veterinary Medicine.

Relacionado com Patologia e Saúde Animal
Sectoriales sobre Patologia e Saúde Animal
país:1950

REVISTA SUÍNO BRASIL

Inscreva-se agora para a revista técnica de suinocultura

EDIÇÃO suínoBrasil 1º TRI 2024
Estreptococose em suínos

Estreptococose em suínos

Adriana Carla Balbinot Fabiana Carolina de Aguiar Mariana Santiago Goslar Taís Regina Michaelsen Cê
Ferramentas tecnológicas e inovadoras na Suinocultura: muito mais que nutrição

Ferramentas tecnológicas e inovadoras na Suinocultura: muito mais que nutrição

Ana Caroline Rodrigues da Cunha
Salmonella, uma vilã na suinocultura

Salmonella, uma vilã na suinocultura

Luciana Fiorin Hernig
Uso de fitogênico para leitões na fase de creche como melhorador de desempenho natural em substituição aos antibióticos promotores de crescimento

Uso de fitogênico para leitões na fase de creche como melhorador de desempenho natural em substituição aos antibióticos promotores de crescimento

Equipe técnica de suínos da Vetanco
A importância da temperatura da água de bebida para suínos

A importância da temperatura da água de bebida para suínos

Joana Barreto
Suinocultura sustentável e a carne carbono negativo

Suinocultura sustentável e a carne carbono negativo

Rodrigo Torres
Deficiência de ferro em suínos: Patogenia, sinais clínicos, diagnóstico, controle e tratamento

Deficiência de ferro em suínos: Patogenia, sinais clínicos, diagnóstico, controle e tratamento

Cândida Pollyanna Francisco Azevedo
Interpretação de laudos laboratoriais na suinocultura: Critérios essenciais para chegar ao diagnóstico e tomada de decisão

Interpretação de laudos laboratoriais na suinocultura: Critérios essenciais para chegar ao diagnóstico e tomada de decisão

Amanda Gabrielle de Souza Daniel
Impacto, desafios sanitários e produtivos do manejo em bandas na suinocultura

Impacto, desafios sanitários e produtivos do manejo em bandas na suinocultura

Ana Paula Mellagi Bernardo Dos Santos Pizzatto Fernando Pandolfo Bortolozzo L. D. Santos Leonardo Abreu Leal Rafael da Rosa Ulguim
Mecanismo de ação dos AA funcionais para melhorar a robustez de suínos em desafio

Mecanismo de ação dos AA funcionais para melhorar a robustez de suínos em desafio

Antônio Diego Brandão Melo Ismael França Luciano Hauschild
Betaína como aditivo modificador de carcaça para suínos

Betaína como aditivo modificador de carcaça para suínos

Amoracyr José Costa Nuñez César Augusto Pospissil Garbossa Mariana Garcia de Lacerda Vivian Vezzoni de Almeida
Desvendando o custo oculto: explorando o impacto do estresse oxidativo na produção de porcas

Desvendando o custo oculto: explorando o impacto do estresse oxidativo na produção de porcas

Allan Paul Schinckel César Augusto Pospissil Garbossa

JUNTE-SE À NOSSA COMUNIDADE SUÍNA

Acesso aos artigos em PDF
Informe-se com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente na versão digital

DESCUBRA
AgriFM - Los podcast del sector ganadero en español
agriCalendar - El calendario de eventos del mundo agroganaderoagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formación para el sector de la ganadería