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28 jun 2021

Associação entre úlceras gástricas e o comportamento de suínos na terminação

A ocorrência de úlceras gástricas em suínos é uma preocupação constante em relação à saúde e produção animal. Erosão e ulceração do revestimento do estômago é uma condição comum em suínos em sistema de produção intensivo. Confira o artigo da semana da SuínoBrasil!

Associação entre úlceras gástricas e o comportamento de suínos na terminação

A ocorrência de úlceras gástricas em suínos é uma preocupação constante em relação à saúde e produção animal. Erosão e ulceração do revestimento do estômago é uma condição comum em suínos em sistema de produção intensivo. Ela ocorre ao redor da área onde o esôfago entra no estômago (chamada de pars oesophagea). Nos estágios iniciais da doença, a pars oesophagea torna-se áspera e muda gradualmente conforme a superfície sofre erosão e pode ficar profundamente ulcerada. Essas alterações podem causar hemorragia intermitente seguida de anemia ou hemorragia maciça resultando em morte.

A ocorrência de úlceras gástricas em suínos é uma preocupação constante em relação à saúde e produção animal.

prevalência de úlceras observada no abate pode ser altamente variável entre granjasA prevalência de lesões gástricas é uma das principais causas de preocupação em muitos países produtores de suínos. Um estudo recente no Reino Unido constatou que quatro em cada cinco suínos abatidos apresentavam sinais de ulceração ou dano pré-ulcerativo, e 6% dos porcos abatidos tinham sinais de ulceração grave. Um estudo examinando 1101 suínos finalizadores na Dinamarca descobriu que 29% tinham sinais de ulceração moderada a grave. Da mesma forma, altas prevalências de úlcera gástrica foram encontradas em vários países nas últimas duas décadas. A prevalência de úlceras observada no abate pode ser altamente variável entre granjas, e a mortalidade devido ao sangramento de úlceras pode ser alta nas unidades afetadas.

A patogênese das úlceras gástricas parece ser altamente multifatorial. A incidência e gravidade da condição estão associadas :

No entanto, entre estes, a estrutura física da alimentação é o fator de risco mais significativo; tamanho de partícula fina e peletização aumentam significativamente a prevalência de úlceras gástricas. A hipótese levantada é de que o conteúdo gástrico mais fluido associado a essas alimentações permite o refluxo de fluidos ácidos para o tecido não glandular da pars oesophagea.

Embora a incidência de úlceras gástricas seja alta em suínos comerciais e a patologia seja bem reconhecida, parece haver pouca informação sobre como a condição afeta o bem-estar. Uma pequena proporção de suínos com úlceras agudas graves, com hemorragia, morrem,  ou mostram vários sinais clínicos agudos de dor, e a perfuração de uma úlcera também pode levar à peritonite.

A maioria dos suínos com úlceras gástricas não é detectada em condições de produção, e o estado de bem-estar desses animais afetados subclinicamente em relação àqueles com estômagos saudáveis ​​permanece incerto.

Descobrir se esses animais ulcerados sofrem é importante porque o principal fator de risco para ulceração (a alimentação de ração peletizada com partículas pequenas) é usado pela indústria para melhorar a eficiência da conversão alimentar. Portanto, os benefícios claros em termos de eficiência de produção dessa estratégia de alimentação precisam ser balanceados contra qualquer efeito prejudicial ao bem-estar.

Objetivo

importância das úlceras gástricas para o bem-estar de suínos.Até o momento, nenhuma avaliação científica foi feita sobre a importância das úlceras gástricas para o bem-estar de suínos. Embora se possa presumir que as úlceras, pelo menos além de um certo nível de gravidade, têm um efeito negativo no bem-estar, a extensão desse efeito não foi quantificada. Uma vez que os indicadores comportamentais são amplamente utilizados no estudo da dor em suínos e como um primeiro passo para compreender o impacto das úlceras gástricas no bem-estar, o objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo controlado do comportamento de suínos com e sem úlceras.

Material e métodos

A condição do estômago foi avaliada post mortem de acordo com um índice de pontuação de úlcera pré-estabelecido.

O comportamento de suínos com estômagos saudáveis (n = 36) foi comparado com o comportamento de suínos com ulceração profunda da pars oesophagea (n = 26).

A avaliação de várias posturas e comportamentos predefinidos foi feita por um observador cego ao estado da úlcera gástrica dos animais observados. Os dados comportamentais dos dois locais foram combinados em uma única análise.

Resultados 

Suínos com úlceras gástricas tendem a ficar menos tempo inativos (p = 0,081) e menos tempo deitados sobre o lado esquerdo (p = 0,064), e significativamente mais tempo em pé (p = 0,009) ou caminhando (p = 0,038) em comparação com os saudáveis. Além disso, suínos com úlceras também apresentaram maior frequência de alterações posturais (p = 0,02).

Uma diminuição no tempo gasto deitado à esquerda e um aumento em ficar em pé/andar podem ser interpretados como tentativas de evitar que o conteúdo gástrico líquido se acumule na região cranial do estômago. Isso,somado com o maior nível de alterações posturais observadas, pode indicar algum grau de dor/desconforto associado à presença de úlceras gástricas em porcos.

Este estudo é o primeiro a identificar diferenças comportamentais aparentes entre suínos em fase de terminação com ou sem úlceras gástricas, mais estudos são necessários para estabelecer até que ponto as diferenças comportamentais aparentes são uma consequência da dor ou desconforto nos animais afetados.

Conclusão 

O estudo demonstrou diferenças comportamentais – alterações de tempo postural e um aumento da frequência de mudanças de postura – entre suínos com e sem úlceras gástricas. A explicação mais plausível para esses efeitos é que a ulceração subclínica pode causar algum grau de desconforto nos animais. As diferenças comportamentais entre suínos com e sem úlceras também são difíceis de classificar em termos da gravidade de qualquer impacto no bem-estar associado a elas.

 

Fonte:  Kenneth MD Rutherford, Carol S. Thompson, Jill R. Thomson, Alistair B. Lawrence, Elisabeth O. Nielsen, M. Erika Busch, Svend Haugegaard, Peter Sandøe

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