Confira a entrevista com a Equipe Técnica da AB Vista sobre os benefícios da inclusão de betaína na alimentação de suínos.
Estudos foram realizados para definir e explorar a importância do uso de betaína na produção de suínos.
Muitos aditivos alimentares incluem betaína e têm efeitos positivos em suínos sob condições de estresse térmico.
A suplementação dietética de betaína promove melhorias nas características de desempenho, além de reduzir o impacto negativo do estresse por calor na viabilidade e na resposta imune, melhorando a osmorregulação celular (Graham, 2002; Wang et al., 2004; Attia et al., 2005).
Awad et al., (2014) relataram que a betaína é um agente multinutricional que pode auxiliar os suínos às condições de estresse térmico.
Nesse contexto, a suínoBrasil conversou com Alexandre Barbosa de Brito, Gerente Técnico LATAM da AB Vista e Miliane Costa, Coordenadora Técnica LAM da AB Vista, para elucidarem sobre a inclusão de betaína na dieta de suínos.
O QUE É A BETAÍNA? E QUAL O SEU MECANISMO DE AÇÃO? |
A betaína é um derivado metilado do aminoácido glicina, definido como um composto de amônio quaternário zwitteriônico (Yancey et al., 1982).
A betaína atua como doador do seu grupamento metil para a síntese de vários compostos fisiologicamente essenciais, tais como a metionina, carnitina, creatina, fosfolípideos, hormônios adrenais, ácido ribonucleico e ácido desoxirribonucleico.
O PAPEL DA BETAÍNA COMO OSMÓLITO TEM IMPLICAÇÕES IMPORTANTES, POIS PODE MANTER O VOLUME E A INTEGRIDADE DAS CÉLULAS SOB CONDIÇÕES DESAFIADORAS. COMO A BETAÍNA ATUA NA MITIGAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO? |
A betaína como um osmoprotetor, impede o fluxo de água para o lúmen, mantendo a hidratação e a integridade dos enterócitos. Isto ajuda a suportar e manter a absorção de nutrientes durante os desafios, que quando de fato, é um processo de economia de energia.
Além de doador de metila, ajuda a converter a homocisteína em metionina, proporcionando um efeito de separação da metionina se o pool de homocisteína for suficiente, mas, mais criticamente, reduz o nível de homocisteína no sangue que é elevado durante o estresse oxidativo que na maioria das vezes é associado com temperaturas ambientais elevadas.
COMO A BETAÍNA ATUA PARA MITIGAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO NO ORGANISMO DOS SUÍNOS? |
O estresse oxidativo, comum em situações de estresse térmico, tem múltiplos efeitos no metabolismo e fisiologia animal.
Durante a lactação, o estresse térmico resulta em:
No estudo de Mendoza et al. (2020) demonstrou que a suplementação com betaína natural aumentou o consumo diário geral de lactação em matrizes suínas de primeiro e segundo parto.
Este fator é especialmente importante quando pensamos na longevidade destas fêmeas, animais de bom escore corporal sejam nos meses de inverno ou em especial nos de verão, resultam em melhor taxa de parição.
Além disso, o uso de betaína natural proporcionou uma importante redução nos intervalos desmame-estro de matrizes em todos os partos durante os meses de verão.
TENDO EM VISTA O MECANISMO DE AÇÃO DA BETAÍNA, QUAIS SÃO OS EFEITOS DESSE DOADOR DE METILA SOBRE O DESEMPENHO E DESEMPENHO REPRODUTIVO EM SUÍNOS? |
O ciclo da homocisteína é fundamental para o metabolismo celular, gerando após o consumo de grupos metil, importantes metabólitos que serão usados na síntese de proteína pelo animal e funções imunológicas. Desta forma, fontes de doadores de grupo metil se faz fundamental para o correto funcionamento do organismo animal.
Existem diversas fontes capazes de executar tais funções, sendo a betaína natural a mais eficiente delas.
Esta afirmação se justifica por não presença de cloro em sua molécula (o que ajuda em outros efeitos, tais como a manutenção do balanço eletrolítico do animal), além de possuir o maior potencial de remetilação (Metzler-Zebeli et al., 2009) dentre as moléculas que podem servir a este papel, tais como metionina e colina. Estes fatores fazem o produto mais eficiente e igualmente importante no metabolismo reprodutivo dos animais.
Em um trabalho recente Lugar et al. (2018) avaliou duas doses de betaína natural (0 e 0,6%) no alimento de reprodutores suínos machos associado à duas doses de uma fitase a base e E. coli (250 FTU/kg + 2500 FTU/kg). Os resultados da avaliação demonstraram que o uso combinado de altas doses de ambos produtos resultaram em uma tendência de redução numérica de anormalidades fisiológicas da qualidade do esperma produzido, em especial quando os animais são submetidos às condições de estresse térmico.
OS CONTEÚDOS NO LÚMEN INTESTINAL VARIAM DRASTICAMENTE, PRINCIPALMENTE DURANTE O PROCESSO DE DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES, AS CÉLULAS EPITELIAIS INTESTINAIS SOFREM FLUTUAÇÃO DA OSMOLARIDADE (WILLIAM, 2017). AS CÉLULAS EPITELIAIS INTESTINAIS CONTROLAM A TROCA DE ÁGUA, ÍONS INORGÂNICOS, NUTRIENTES E MACROMOLÉCULAS ENTRE O PLASMA E O LÚMEN INTESTINAL. TENDO EM VISTA O EFEITO OSMORREGULADOR DA BETAÍNA, COMO E QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS EFEITOS DESSE COMPOSTO NA SAUDABILIDADE DO EPITÉLIO INTESTINAL? |
A betaína possui propriedades osmóticas que ajudam a manter o equilíbrio hídrico celular, diminuindo a demanda energética do animal para manter uma adequada hidratação celular. A membrana celular sofre alteração ao passar por estresse osmótico ou por desafio imunológico, pois há um aumento do pH intestinal, tornando-a um meio hipertônico.
Neste processo, a alta concentração de íons sódio no interior da célula promove uma reação de retirada de íons potássio para fora da célula, ocorrendo à desidratação do animal.
A utilização da betaína é acumulativa nos tecidos e em meio salino atrai moléculas de água para o interior da célula, auxiliando na regulação do volume hídrico celular e na bomba de sódio-potássio, ajuda a manter a membrana mucosa do intestino durante o estresse de calor e distúrbios digestivos e aumenta a atividade anabólica e a integridade da membrana celular.
OUTRO USO DA BETAÍNA É POUPAR O GASTO DE COLINA E METIONINA PARA REDUZIR OS CUSTOS COM ALIMENTAÇÃO. EXPLIQUE BREVEMENTE ESSE MECANISMO DE AÇÃO. |
Diferentemente da betaína, a colina e a metionina precisam passar por transformações para serem utilizadas pelos animais como doador de grupos metil.
A colina precisa ser convertida a betaína por meio da enzima colina-oxidase. Para que ocorra essa conversão, a colina deve estar na forma livre, limitando a quantidade de betaína que pode ser formada por essa via.
A betaína pode substituir a colina apenas como doadora de grupo metil, pois não é equivalente em outros processos metabólicos. Ao passo que, a metionina precisa ser convertida a Sadenosilmetionina e só então poderá ser utilizada como doadora de grupos metil.
A atividade da betaína como doadora de grupamentos metil, na remetilação, permite que a metionina seja direcionada para a síntese proteica, poupando a ação desse aminoácido na doação de metil para a homocisteína, possibilitando substituir parcialmente a metionina sintética por betaína.
Portanto, essa propriedade da betaína pode ser utilizada como ferramenta na formulação de rações com o objetivo de reduzir custos ao se ajustar os níveis de colina e metionina.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS VANTAGENS DA BETAÍNA NATURAL? |
A fonte natural tem nível constante, consistente e superior a 95% de betaína, com aproxidamente 99% de solubilidade em água e rápida captação de água a nível celular.
Enquanto a fonte sintética é inferior a 75% de betaína com apenas 50% de solubilidade em água, além de ter um potencial biológico superior ao seu análogo, quimicamente sintetizado (Santos et al., 2019).
TENDO EM VISTA O POTENCIAL DA BETAÍNA DE AUMENTAR O NÚMERO TOTAL DE LEITÕES NASCIDOS DE MATRIZES PRIMÍPARAS. A BETAÍNA TEM O POTENCIAL DE ATENUAR A SÍNDROME DO SEGUNDO PARTO? |
Absolutamente, em especial devido a melhor condição corporal que as fêmeas submetidas ao estresse térmico possuem quando submetidos a consumos de betaína natural em doses de 0,5 a 2,0kg/ton.
De acordo com a pesquisa realizada por Mendoza et al. (2020), durante os meses de verão, as fêmeas suínas suplementadas com 2kg/ton de betaína natural incrementaram o tamanho da leitegada em praticamente todos os ciclos produtivos, mas com um especial resultado durante os ciclos 1 e 2 (primíparas e secundíparas). Os tratamentos contendo betaína natural igualmente gerou igualmente uma redução do intervalo desmama-estro dos animais.
A betaína, é um aditivo alimentar que pode otimizar os custos das dietas pois substitui parcialmente a metionina reduzindo a suplementação dietética de metionina e de colina garantindo o mesmo desempenho, além de um excelente osmoprotetor, que pode ser utilizado em todas as fases de produção animal.
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