Fonte: Assessoria de Imprensa Embrapa Suínos e Aves
Objetos permitem que animais reproduzam comportamento natural aumentando o bem-estar. Leia mais!
Pesquisadores, indústrias, produtores e organizações não governamentais têm investido na introdução de “brinquedos” nas instalações em que suínos são criados para reduzir os efeitos do confinamento intensivo.
“Brinquedo é como são chamados elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves.
A produção global de carne suína aumentou quatro vezes nos últimos 50 anos e deve se manter em alta até 2050 devido ao crescimento da população mundial e do consumo per capita em algumas regiões do planeta, como a Ásia. No entanto, esse aumento produtivo depende da superação de alguns desafios. Um deles é a necessidade de aperfeiçoamento das boas práticas de produção voltadas ao bem-estar animal.
Propiciar as melhores condições de vida possíveis aos suínos é uma exigência cada vez mais comum entre consumidores de todo o mundo. Além disso, significa reduzir perdas econômicas. Animais estressados, em geral, diminuem sua capacidade de transformar ração em carne e oferecem uma matéria-prima de pior qualidade.
Investir em elementos de enriquecimento ambiental nas instalações em que são criados os suínos é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura brasileira. A primeira onda teve início em meados dos anos 2000 e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate – espaço adequado, temperatura, qualidade do ar, limpeza, transporte e tratamento humanitários.
Qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente (como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores) pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental. Entretanto, na maior parte das vezes, o termo se refere ao acréscimo de objetos pendurados em algum ponto das instalações (como uma corrente colocada na divisória de uma baia) ou soltos no ambiente (como um pedaço de madeira livre no chão) que permitam ou estimulem os suínos a desenvolver comportamentos naturais, como fuçar, brincar e desenvolver laços de grupo.
De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos.
Por exemplo, quando os animais experienciam estados de estresse e frustração, exibem com frequência atitudes sem função aparente, como mastigar com a boca vazia, ranger os dentes, morder barras de ferro ou lamber o chão.
Os suínos que vivem em ambientes enfadonhos também demonstram mais propensão a interações sociais negativas. “Esse tipo de comportamento traduz-se, na prática, em episódios de agressividade dentro das baias. É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica Dalla Costa.
Regulamentação das boas práticas
A introdução de “brinquedos” nas instalações para os suínos também é respaldada por uma regulamentação recente. A instrução normativa número 13 (IN 13), publicada pelo Ministério da Agricultura em dezembro de 2020, estabeleceu as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial.
A norma prevê no seu capítulo sexto que “os suínos devem ter acesso a um ambiente enriquecido, para estimular as atividades de investigação e manipulação e reduzir o comportamento anormal e agressivo”. O mesmo capítulo recomenda que devem ser disponibilizados materiais para manipulação, como palha, feno, cordas, correntes, madeira, maravalha, borracha e plástico. Também são citados como itens de enriquecimento ambiental na IN 13 a oferta de estímulos sonoros, visuais e olfativos que aumentem o bem-estar dos suínos.
Quanto custa instalar “brinquedos”?
Quase todos os interessados em bem-estar animal, quando pensam em introduzir “brinquedos” nas instalações para suínos, tentam primeiro dimensionar quanto custarão as mudanças.
Afinal de contas, ações de enriquecimento ambiental representam custo extra ou oportunidade de ganho?
O pesquisador ressalta que as ações de enriquecimento ambiental (especialmente a introdução de brinquedos) funcionam preferencialmente em ambientes que estão sofrendo perdas por problemas gerados pelo confinamento intensivo.
Um estudo de 2016 feito na União Europeia mostrou que os custos associados a mordidas de cauda e orelhas atingiram 18,96 euros por animal agredido, o que equivale atualmente a, aproximadamente, 95 reais. Essa perda compromete em até 43% o lucro por animal afetado. Além disso, o ganho de peso diário em suínos em crescimento com mordida de cauda pode ser reduzido entre 1% a 3%.
Esses dados significam que cada animal afetado por problemas de confinamento intensivo representa uma oportunidade de redução de perdas econômicas. Por outro lado, medidas de enriquecimento ambiental, sem dúvida, não saem de graça. Por exemplo, o programa “Heart Pig”, que aplica várias medidas de bem-estar animal na Dinamarca, apresenta custos de produção 7,9% maiores que os da produção convencional naquele país.
Porém, experiências no Brasil ensinam que a introdução de brinquedos nas instalações não representa o maior investimento das propriedades que passaram a investir em enriquecimento ambiental. Na verdade, o que mais custa é o investimento em tempo de trabalho para gerenciar o esforço extra representado pela manutenção dos elementos de enriquecimento, o monitoramento mais próximo do comportamento dos suínos e o treinamento da equipe em boas práticas de produção com foco no bem-estar animal.
Fonte: Assessoria de Imprensa Embrapa Suínos e Aves
Inscreva-se agora para a revista técnica de suinocultura
AUTORES
Principais doenças entéricas em suínos nas fases de creche e terminação
Keila Catarina Prior Lauren Ventura Parisotto Marcos Antônio Zanella Morés Marina Paula Lorenzett Suzana Satomi KuchiishiInsensibilização de suínos: os diferentes métodos e suas particularidades
Luana Torres da RochaComo a via êntero-mamária nas matrizes suínas modula a microbiota dos leitões?
Pedro Henrique Pereira Roberta Pinheiro dos Santos Vinícius de Souza Cantarelli Ygor Henrique de PaulaUso do sorgo na alimentação de suínos
Ana Paula L. Brustolini Ednilson F. Araujo Fabiano B.S. Araujo Gabriel C. Rocha Maykelly S. GomesFornecimento de ninho: muito além do atendimento à instrução normativa
Bruno Bracco Donatelli Muro César Augusto Pospissil Garbossa Marcos Vinicius Batista Nicolino Matheus Saliba Monteiro Roberta Yukari HoshinoFunção ovariana: Estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea suína – Parte II
Dayanne Kelly Oliveira Pires Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida Isadora Maria Sátiro de Oliveira João Vitor Lopes Ferreira José Andrés Nivia Riveros Luisa Ladeia Ledo Stephanny Rodrigues RainhaVacinas autógenas na suinocultura – Parte II
Ana Paula Bastos Luizinho Caron Vanessa HaachDanBred Brasil: novo salto em melhoramento genético aumenta desempenho produtivo e eficiência na suinocultura brasileira
Geraldo ShukuriPerformance de suínos em crescimento e terminação com uso de aditivo fitobiótico-prebiótico
Equipe técnica VetancoSIAVS: ponto de encontro da proteína animal para o mundo
O uso do creep feeding e o desafio de se criar leitões saudáveis e produtivos
Felipe Norberto Alves FerreiraAlimentando o futuro das produções animais, Biochem apresenta soluções inovadoras para uma nutrição de precisão
Equipe Técnica Biochem Brasil