Fonte: Suinocultura : uma saúde e um bem-estar / Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. – Brasilía : AECS, 2020.
Saiba alguns efeitos que a interação negativa humano-animal causa na suinocultura
Efeitos das interações negativas na produção, reprodução e fisiologia dos suínos
Na suinocultura há vários exemplos que ilustram que tratamentos aversivos por parte dos tratadores podem prejudicar o desempenho produtivo. O uso de bastão elétrico durante dez semanas no manejo de leitoas em fase de crescimento levou a uma redução no ganho de peso e aumento das glândulas adrenais (GONYOU et al., 1986). Um tratamento aversivo de poucos minutos de duração e apenas três vezes por semana entre as 11 e as 22 semanas de idade reduziu o crescimento de leitoas e aumentou as concentrações basais de corticosteroides (HEMSWORTH et al., 1981).
Em contraste, leitoas tratadas gentilmente ou com pouca interação com seres humanos entre 7 e 14 semanas de vida mostraram maior aproximação a um humano estacionário, demonstrando menor medo, maiores taxas de crescimento e conversão alimentar, e menores concentrações basais de corticosteroides do que leitoas tratadas aversivamente ou de forma inconsistente – às vezes gentil e outras vezes aversivamente (HEMSWORTH et al., 1987).
Esses estudos indicam a relação entre o estresse fisiológico causado por interações negativas e o desempenho produtivo. |
A qualidade das interações entre humanos e os suínos também pode ter efeitos na reprodução. Por exemplo, um tratamento semelhante ao utilizado por Hemsworth et al. (1981) reduziu as taxas de gestação de leitoas cobertas no segundo estro enquanto os machos tiveram testículos menores às 23 semanas de idade (HEMSWORTH et al., 1986a).
Em um estudo envolvendo 19 granjas comerciais, foi verificada uma menor taxa de reprodução nas granjas em que o uso de interações negativas dos tratadores para com os animais era mais frequente. Além disso, as leitegadas foram menores nas granjas em que eram usadas interações verbais negativas mais frequentemente. As matrizes com piores taxas reprodutivas eram as que hesitavam mais em se aproximar desses tratadores – uma demonstração de medo desses animais (HEMSWORTH et al., 1989).
Em outro estudo semelhante desenvolvido pelo mesmo grupo de pesquisadores houve menor sobrevivência de leitões até o desmame entre as matrizes que tinham medo dos tratadores, sendo muitas das mortes causadas por esmagamento (HEMSWORTH et al., 1999).
Embora não haja estudos mostrando os impactos das interações durante a gestação nas respostas comportamentais e fisiológicas, crescimento e saúde dos leitões, há evidências indiretas dessa relação. Primeiro, existem evidências experimentais dessa relação em outras espécies (COULON et al., 2011; BAXTER et al., 2016). Além disso, os efeitos do estresse pré-natal em vários aspectos como a saúde, o crescimento pós-natal, a eficiência alimentar, a produção de leite da mãe, a composição da carcaça e o potencial reprodutivo, são descritos em várias espécies animais (OTTEN et al., 2007; MERLOT et al., 2013; SINCLAIR et al., 2016).
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Fonte: Suinocultura : uma saúde e um bem-estar / Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. – Brasilía : AECS, 2020.
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