Sua ação antimicrobiana depende altamente do grupo hidroxila dos terpenóides fenólicos e da presença de elétrons deslocalizados, que frequentemente determinam o nível de sua atividade antimicrobiana em diferentes bactérias.
Os componentes bioativos dos óleos essenciais têm sido identificados e a pesquisa tem avançado para elucidar os mecanismos subjacentes às funções desses compostos no organismo animal. Clique aqui para compreender o mecanismo de ação dos óleos essenciais!

Suínos jovens são susceptíveis a vários agentes estressores, incluindo patógenos bacterianos, estresse oxidativo e inflamação, levando a redução do desempenho, altas taxas de mortalidade e morbidade e comprometimento do bem-estar animal. Os antibióticos promotores de crescimento (APC) têm sido amplamente usados em dietas para suínos, especialmente em dietas pós-desmame, a fim controlar a incidência de diarreia pós-desmame e promover melhorias no desempenho.


Tal fato levou à proibição do uso de APC na produção animal na União Europeia desde 2006. A Food and Drug Administration dos EUA impôs restrições ao uso de antibióticos na produção animal em dezembro de 2016 e a Health Canada proibiu o uso de antibióticos em dietas para animais em dezembro de 2017.


Entretanto, a aplicação de óleos essenciais na ração tem se baseado principalmente nos efeitos antimicrobianos. Além disso, a concentração inibitória mínima (CIM) da maioria dos óleos essenciais é muito mais alta do que os níveis aceitáveis na indústria animal em termos de custo-benefício e palatabilidade. Além dos resultados variados e mecanismos pouco claros, ainda existem vários outros desafios no uso de óleos essenciais em rações animais, incluindo efeitos tóxicos, preocupações regulatórias e altos custos de inclusão. Portanto, torna-se indispensável investigar os efeitos específicos e os locais-alvo (seja o hospedeiro animal ou seu microbioma) de compostos individuais em óleos essenciais para facilitar sua aplicação na produção de suínos.

Os óleos essenciais são líquidos aromáticos, voláteis e oleosos extraídos de materiais vegetais, como sementes, flores, folhas, botões, galhos, ervas, cascas, madeira, frutas e raízes. Os óleos essenciais são uma mistura de compostos complexos que podem variar em suas composições químicas e concentrações individuais. Esses constituintes de óleos essenciais, como carvacrol e timol presentes no tomilho, caracterizam-se pelas funções antimicrobianas de amplo espectro contra bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, fungos e leveduras.

Os óleos essenciais aumentam a digestibilidade e a imunidade, promovem a saúde intestinal ao minimizar o efeito das bactérias patogênicas e controlam o odor e a emissão de amônia.
Os óleos essenciais têm 2 classes principais de compostos:
Os terpenos são subdivididos em relação ao número de blocos de construção de carbono 5 e conhecidos como unidades de isopreno com mono (C10H6), sesqui (C15H24) e diterpenos (C20H32). Existem algumas fontes diferentes de terpenos representados pela existência ou inexistência de estruturas em anel, ligações duplas e adição de oxigênio ou presença de estereoquímica. Estima-se que existam mais de 1.000 monoterpenos e mais de 3.000 sesquiterpenos com base em vários pesquisadores. Existem apenas 50 fenilpropenos descobertos. Os óleos essenciais comumente usados na produção animal são: carvacrol, timol, citral, eugenol e cinamaldeído.

Embora o carvacrol e o timol tenham vários locais-alvo nas células bacterianas, seu principal local-alvo é a parede celular da bactéria. O mecanismo de ação antimicrobiano ocorre de duas maneira:
A posição dos grupos funcionais (por exemplo, hidroxila ou alquila) em óleos essenciais desempenha papéis fundamentais na ação antimicrobiana de óleos essenciais. Embora o timol e o carvacrol tenham efeitos antimicrobianos semelhantes, eles têm efeitos diferentes nas bactérias Gram + ou Gram – com base nas posições de um ou mais grupos funcionais no timol e no carvacrol.
Sua ação antimicrobiana depende altamente do grupo hidroxila dos terpenóides fenólicos e da presença de elétrons deslocalizados, que frequentemente determinam o nível de sua atividade antimicrobiana em diferentes bactérias.
Tanto o carvacrol quanto o timol possuem propriedades de liberação de lipopolissacarídeos que os fazem ter propriedades antimicrobianas superiores contra algumas bactérias Gram – quando comparados a outros óleos essenciais. Outra hipótese é o modelo de trocador de prótons e o carvacrol pode atuar como um transportador transmembrana, trocando seu próton hidroxila por um íon de potássio, resultando na dissipação do gradiente de pH e do potencial elétrico sobre a membrana, redução da força próton-motriz e depleção do ATP. A perda de potássio também pode causar problemas, pois atua na ativação de várias enzimas citoplasmáticas, na manutenção da pressão osmótica e na regulação do pH intracelular.
De um modo geral, as bactérias podem usar bombas iônicas para combater esses efeitos e nem sempre a morte celular ocorre, mas grandes quantidades de energia são necessárias para essa função e o crescimento bacteriano fica comprometido.
O eugenol e o cinamaldeído também possuem um grupo funcional fenólico e suas atividades antimicrobianas são relacionadas aos efeitos da membrana e à geração de energia. Acredita-se que o grupo hidroxila do eugenol e o grupo carbonila do cinamaldeído se ligam às proteínas, inibindo a ação dos aminoácidos descarboxilases em E. aerogenes. Portanto, o principal mecanismo de ação do timol, carvacrol, eugenol e cinamaldeído está relacionado aos seus efeitos nas membranas citoplasmáticas e no metabolismo energético.
Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2405654517301233.
Inscreva-se agora para a revista técnica de suinocultura
AUTORES

Colibacilose pós-desmame: Quando a comensal se torna patogênica
Izabel Cristina Tavares Ygor Henrique de Paula
Riscos ocultos na ração: O impacto da zearalenona na fertilidade suína
Cândida Azevedo
Saúde dos cascos da fêmea suína
Ton Kramer
MaxiDigest® Swine: Nutrição de Alta Performance para Suínos
Fernando Augusto Souza
Aurora Coop além do Brasil: os bastidores da internacionalização com Neivor Canton
Neivor Canton Priscila Beck
Avaliação do uso de Flavorad RP® em granja comercial: efeito sobre o desempenho reprodutivo
Beiser Montaño Diego Lescano Ronald Cardozo Rocha Sandra Salguero
Uso de DDGS na nutrição de suínos: potencial nutricional e impactos no desempenho animal
Alex Maiorka Brenda Carolina P. dos Santos Juliane Kuka Baron Maria Letícia B. Mariani Simone Gisele de Oliveira
Influenza Aviária: Qual a ameaça para a suinocultura brasileira?
Janice Reis Ciacci Zanella
O uso de fitobióticos na produção de suínos
Geferson Almeida Silva José Paulo Hiroji Sato Jovan Sabadin Lucas Piroca
Qualidade do ar em granjas de suínos
Cristiano Marcio Alves de Souza Filipe Bittencourt Machado de Souza Jéssica Mansur S. Crusoé Leonardo França da Silva Victor Crespo de Oliveira
ABCS lança manual de bem-estar que aproxima a legislação da realidade nas granjas
Charli Ludtke Nina M de Oliveira Priscila Beck
Tecnologia europeia de liberação dirigida de zinco chega ao Brasil, adaptada às dietas e desafios locais
Juliana Réolon Pereira Priscila Beck Zoé Garlatti
Intestino saudável, granja lucrativa: os pilares da nova suinocultura
Cândida Azevedo