Em relação aos fatores nutricionais e fisiológicos que podem induzir prolapsos, a hipocalcemia é frequentemente inferida como fator de risco.
O aumento da incidência de prolapso uterino em porca gera preocupações com o bem-estar animal e impacto econômico. As causas presumidas de prolapsos uterinos envolvem uma lista diversificada de fatores de risco, e um deles é a hipocalcemia. Clique aqui e leia o artigo completo!
O aumento da incidência de prolapso uterino em porcas gera preocupações com o bem-estar animal e impacto econômico. Tentativas malsucedidas de determinar as relações de causa e efeito impedem a implementação de estratégias de manejo eficazes para prevenir a ocorrência de prolapsos uterinos. As causas presumidas de prolapsos uterinos envolvem uma lista diversificada de fatores de risco, e um deles é a hipocalcemia.
O presente estudo se concentra na análise das condições dietéticas que podem resultar em distúrbios na homeostase do Ca e hipocalcemia. Os achados deste estudo fornecem informações que podem ser usadas para direcionar futuras avaliações de fatores predisponentes para prolapsos uterinos
Nos últimos anos, o aumento da incidência de prolapsos uterinos em porcas criou preocupações com o bem-estar animal na suinocultura. Além disso, as porcas prolapsadas devem ser eutanaziadas, o que gera perdas econômicas para os produtores. Os prolapsos uterinos geralmente ocorrem no período próximo ao parto (Iida et al., 2019). No entanto, a etiologia dessa condição, definida como eversão e protrusão do útero, é desconhecida. Os fatores implicados como possíveis causas de prolapsos incluem:
Em relação aos fatores nutricionais e fisiológicos que podem induzir prolapsos, a hipocalcemia é frequentemente inferida como fator de risco.
Antecedentes da hipocalcemia
A hipocalcemia parcial é muito comum em vacas leiteiras (Reinhardt et al., 2011). Após o parto, a demanda de Ca aumenta rapidamente (de ~80 a ~500 mg Ca/kg de peso corporal metabólico) para suprir as necessidades de colostro e a síntese de leite (Horst et al., 2005).
Portanto, esse período de transição representa um desafio fisiológico para o animal manter as concentrações de Ca dentro da faixa normal.
Além de seu papel principal na mineralização óssea, o Ca desempenha um papel fundamental na contração muscular, função nervosa e outros importantes processos de sinalização intracelular.
A homeostase do cálcio é regulada principalmente pelas ações do paratormônio (PTH) e 1,25-dihidroxivitamina D (1,25(OH)2D) em três órgãos-alvo:
A interação entre esses órgãos e os hormônios supracitados deve manter os níveis séricos de cálcio dentro de uma estreita faixa fisiológica.
Um alto nível de Ca nas dietas de transição e desequilíbrios ácido-base são fatores de risco associados à falta de manutenção da normocalcemia em vacas de alta produção.
Sob essas circunstâncias, os mecanismos homeostáticos necessários para estimular a absorção intestinal ativa de Ca e mobilizar os estoques esqueléticos de Ca estão deprimidos (Green et al., 1981; Goff, 2008).
Consequentemente, a capacidade do animal de se adaptar rapidamente ao aumento da demanda por Ca é limitada.
Em vacas, a hipocalcemia tem sido implicada com prolapsos uterinos (Risco et al., 1984) e outros fatores que podem causar prolapso, como:
Em porcas, a hipocalcemia induzida experimentalmente por infusão intravenosa de um composto quelante de Ca resultou em diminuição das contrações uterinas (Ayliffe et al., 1984). No entanto, dados limitados estão disponíveis para sustentar que a hipocalcemia ocorre espontaneamente em porcas no parto e nas fases iniciais da lactação.
A demanda calculada de Ca para porcas durante o final da gestação a partir de modelos fatoriais (Bikker e Blok, 2017) é de aproximadamente 160 mg Ca/kg PC metabólico (assumindo um PC de 235 kg), que é maior do que a demanda estimada de Ca em vacas leiteiras (~ 80 mg de Ca/kg de PC metabólico).
As adaptações fisiológicas das porcas para atender a alta demanda de Ca durante o final da gestação podem resultar em uma transição menos abrupta para a lactação em comparação com vacas leiteiras. No entanto, se forem alimentados níveis excessivos de Ca, as porcas também podem desenvolver distúrbios do metabolismo do Ca.
Material e métodos
No presente estudo, as porcas foram alimentadas com dietas com excesso de Ca durante o final da gestação e início da lactação, com o objetivo de avaliar o possível desenvolvimento de hipocalcemia no período periparto.
Doze porcas gestantes multíparas (Large White × Landrace) foram alimentadas com uma dieta:
As dietas foram fornecidas a partir do dia 86 ± 1 de gestação até o final da lactação (período de 27 ± 2 dias).
No 112º dia de gestação, cateteres venosos foram colocados em cada porca. Amostras de sangue foram coletadas em intervalos de 15 minutos em quatro horários designados (07:00, 10:00, 13:00 e 17:00) no dia de gestação 113 e dias de lactação 1, 3 e 5.
Foram mensurados:
Resultados
Em geral, as porcas alimentadas com a dieta HCa apresentaram maiores (P < 0,001) concentrações de iCa no sangue e tCa no plasma do que as porcas alimentadas com as dietas CON.
Não foram observados sinais clínicos de distúrbios do metabolismo do Ca. Inesperadamente, as concentrações plasmáticas de P em porcas alimentadas com dietas HCa foram menores (P < 0,001) do que em porcas alimentadas com dietas CON.
O P plasmático tendeu a diminuir (P = 0,057) com o aumento do dia de lactação.
Não foram detectadas diferenças entre os tratamentos dietéticos para pH do sangue, gases, eletrólitos e metabólitos (P > 0,05). Nenhuma evidência de hipocalcemia foi detectada em porcas periparto alimentadas com dietas NOC ou HCa. P
Conclusão
Esses dados implicam que o excesso de Ca nas dietas no final da gestação não causou hipocalcemia durante o período periparto. Estudos futuros devem focar em outros fatores além da hipocalcemia para identificar as causas do prolapso uterino em porcas.
Prolapso uterino em porcas: qual sua relação com o cálcio?
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