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10 fev 2025

Suplementação com aminoácidos funcionais melhora a resistência de suínos a infecções

Experimento realizado na Unesp Jaboticabal mostrou que dieta enriquecida melhora a saúde e reduz mortalidade em animais.

Suplementação com aminoácidos funcionais melhora a resistência de suínos a infecções

Suplementação com aminoácidos funcionais melhora a resistência de suínos a infecções

Experimento realizado na Unesp Jaboticabal mostrou que animais alimentados com dieta enriquecida com treonina, metionina e triptofano resistiram melhor a desafios de saúde que podem comprometer o ganho de peso e aumentar a mortalidade

Suplementar a dieta de suínos com aminoácidos funcionais possibilita aos animais enfrentar melhor desafios de saúde provocados por microrganismos patogênicos, que geralmente reduzem o ganho de peso e aumentam as taxas de mortalidade.

Essa é a conclusão de um experimento conduzido no Laboratório de Estudos em Suinocultura (Labsui), coordenado por Luciano Hauschild, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV-Unesp), em Jaboticabal. A investigação contou com o apoio da FAPESP por meio de quatro projetos (18/15559-7, 19/10843-1, 20/15797-5 e 23/08305-7).

Os pesquisadores selecionaram 60 leitões na chamada “fase da creche”, que engloba animais com mais ou menos 6 quilos de peso e dura cerca de sete semanas. Os animais foram divididos em dois grupos, um alimentado conforme as exigências nutricionais estabelecidas para a fase e outro com dieta contendo 20% a mais de treonina, metionina e triptofano, três aminoácidos considerados funcionais por estarem relacionados a processos metabólicos com efeito benéfico sobre a saúde, a sobrevivência e o desenvolvimento dos animais, auxiliando principalmente na resposta imunológica do organismo.

No final da fase de creche, quando haviam atingido peso aproximado de 28 quilos, os leitões foram subdivididos em quatro grupos experimentais para a próxima fase, chamada de “crescimento e terminação”. Entre os animais que haviam recebido anteriormente a dieta-padrão, metade manteve o protocolo enquanto os demais passaram a receber alimentação enriquecida com os aminoácidos funcionais. O mesmo ocorreu no grupo que teve acesso à dieta suplementada desde a fase de creche: metade manteve a suplementação e os demais passaram a receber dieta convencional.

O passo seguinte foi submeter os quatro grupos, durante um mês, a desafios de saúde, a fim de mimetizar condições adversas de produção que podem ocorrer na criação comercial. Por exemplo, misturar animais de diferentes fazendas, com status sanitários distintos, e realizar a limpeza das instalações com pouca frequência, de modo a aumentar a carga de microrganismos no ambiente.

“O objetivo foi expor os animais, até então saudáveis, a infecções entéricas e respiratórias. Esses desafios tendem a desencadear mecanismos de defesa contra patógenos com os quais eles não haviam tido contato antes”, explicam os pesquisadores.

Além disso, foi inoculada nos suínos uma bactéria do gênero Salmonella comumente encontrada em criações de regiões de clima tropical e que provoca problemas entéricos nos animais. Portanto, o desencadeamento de uma resposta imune, que modifica o metabolismo dos nutrientes no seu organismo, era esperada.

“Assim, conseguimos avaliar qual foi o resultado da estratégia de maneira preventiva – antes de passarem pelo desafio sanitário experimental –, curativa – durante o desafio –, e ambas as situações”, explica Ismael França, engenheiro agrônomo, doutorando em nutrição animal na Unesp de Jaboticabal e primeiro autor do artigo.

Composição corporal

Um dos objetivos do experimento, segundo França, foi avaliar o impacto da suplementação sobre o desempenho produtivo e a composição corporal dos suínos (quantidade de proteína, lipídios e massa mineral), bem como sobre biomarcadores da resposta imune e metabólica. A influência dessas estratégias de alimentação foi avaliada também após o desafio sanitário, até pouco antes do envio dos animais para o abate, a chamada fase de “terminação”.

Foi possível comprovar que os suínos alimentados com a mistura de aminoácidos funcionais de forma contínua tenderam a reduzir a carga de Salmonella eliminada nas fezes após a inoculação, o que contribui para uma menor contaminação dos galpões. Além disso, os indivíduos que receberam a suplementação continuamente ou curativamente demonstraram maior ganho de peso e melhor eficiência alimentar.

“Esses suínos tiveram ainda um ganho de 30% na deposição de proteína muscular e entre 20% e 30% na eficiência de retenção de nitrogênio, o significa que houve melhor uso dos nutrientes provenientes da alimentação, diminuindo consequentemente a excreção desses para o meio ambiente”, destaca França.

Outra conclusão foi que os animais alimentados com a dieta suplementada durante o desafio sanitário apresentaram maior peso corporal na fase de terminação. “Diante de tudo isso, conseguimos concluir que a suplementação com treonina, metionina e triptofano como estratégia curativa ou contínua é altamente eficaz para melhorar o desempenho e a composição corporal de suínos em crescimento sob um desafio de saúde”, afirma França.

Segundo o pesquisador, a escolha dos tipos de aminoácidos funcionais foi relacionada à facilidade que os produtores de suínos têm em adquirir esses ingredientes e, assim, ajustar os níveis de suplementação na dieta dos animais. “Nossos resultados já podem ser empregados na prática. Inclusive, o projeto foi feito em parceria com importantes empresas do setor privado, que deram suporte para o desenvolvimento do estudo e já podem utilizar nossas recomendações na realidade das suas fazendas.”

Na avaliação de Hauschild, orientador de França, a pesquisa demonstra a importância de ajustar a alimentação de acordo com as condições de criação nas diferentes granjas e a relevância que os nutrientes têm na preservação da saúde dos animais.

O artigo Dietary supplementation with functional amino acids improves the capacity of growing pigs to cope with a health challenge pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0377840124002761.

Fonte: Thais Szegö | Agência FAPESP

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