25 fev 2024

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Um programa nutricional bem estabelecido é fundamental para garantir não apenas o desempenho ideal dos suínos, mas também a viabilidade econômica da produção suína.

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

 

Na produção de suínos, a fase de maternidade e creche são desafiadoras, pois, os leitões necessitam superar fatores adversos, à exemplo do desenvolvimento do sistema gastrointestinal, imune e antioxidante.

Na fase de desmame, ocorre a troca da dieta líquida para sólida, mistura de lote, transporte e troca de ambiente, fatores que intensificam o estresse e o desenvolvimento de bactérias nocivas que podem causar diversas enfermidades.

Estes são fatores bem conhecidos pelos produtores e nutricionistas. A fim de minimizar estes problemas, foram desenvolvidos diversos manejos, soluções ambientais e nutricionais.

Os produtores ou integradores buscam soluções que se adequem melhor ao seu sistema e que maximizem a produção.  

 

Nas primeiras semanas de vida dos leitões, a enzima com maior atividade é a lactase devido ao consumo de leite materno.

Após o desmame, a atividade da lactase reduz, enquanto a atividade das enzimas protease, amilase, lipase e maltase aumentam (Figura 1), devido ao fornecimento de ingredientes proteicos oriundos de fontes vegetais e de origem animal, à exemplo de derivados da soja e milho, farinhas de sangue, plasma sanguíneo, farinha de peixes etc.

Figura 1. Adaptado de Manners et al. (1972) and Kitts et al. (1956).

Na fase de maternidade os leitões têm como a principal dieta o leite materno, que tem a seguinte composição físico-química:

Um manejo nutricional comum é o fornecimento de uma dieta (creep-feeding) dos 5 dias de vida até o desmame, também há a possibilidade de fornecer sucedâneos lácteos aos leitões.

A dieta creep-feeding e os sucedâneos lácteos devem apresentar composições semelhantes ao leite materno.

Considerando a proporção sólida do leite, a dieta creep-feeding e sucedâneos lácteos devem apresentar aproximadamente:

Nos sucedâneos e creep-feeding devem ser utilizados ingredientes com alta digestibilidade, à exemplo de:

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

A seleção genética na suinocultura resultou no aumento de fêmeas hiperprolíferas. No entanto, em certas situações a produção de leite não é suficiente para que todos os leitões nascidos expressem seu máximo potencial genético.

O fornecimento de sucedâneos lácteos se mostra um manejo nutricional eficaz em suplementar este déficit de produção de leite nas matrizes suínas hiperprolíferas, resultando em maior peso ao desmame e uniformidade de lote ao desmame.

O consumo da dieta de creep-feeding aumenta a atividade enzimática das enzimas digestivas (protease, amilase, lipase e maltase), secreção biliar, integridade intestinal, entre outros fatores, promovendo o desenvolvimento da saúde intestinal desde os primeiros dias de vida dos suínos e o desempenho produtivo na maternidade.

O leitão na fase de desmame com a saúde intestinal mais robusta, consome mais água e a dieta sólida em menor tempo em comparação aos que não receberam creep-feeding, fatores importantes para o bom desenvolvimento dos leitões na primeira semana de creche e índices produtivos de creche (Sulabo et al., 2010).

Para auxiliar na redução do estresse pós desmame e aumentar o consumo dos leitões nos primeiros dias de vida pós desmame, os seguintes manejos podem ser adotados:

 

Nos programas nutricionais devem ser considerados:

Os programas nutricionais para a fase de creche podem ser compostos de três a seis fases e podem considerar diversos fatores, como os expostos abaixo:

A maioria dos sistemas de produção de suínos utiliza um programa nutricional de quatro fases para leitões de creche (pré-inicial 1, pré-inicial 2, inicial 1 e inicial 2).

Um programa nutricional em fases permite combinar as exigências nutricionais, as capacidades digestivas dos leitões de creche com a dieta mais econômica possível, e alcançar o desempenho máximo na creche.

Os leitões recém-desmamados têm alta capacidade de deposição proteica em relação à quantidade da ração consumida. Portanto, as dietas precisam ser formuladas com ingredientes proteicos de alta digestibilidade.

Ingredientes com baixa digestibilidade aumentam a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias patógenas, e a possibilidade da incidência de doenças e síndrome de diarreia pós-desmame.

Como a ingestão de ração após o desmame é baixa, fornecer dieta com composição semelhante à do leite materno é uma estratégia sensata.

É interessante a inclusão de 15 a 20 % de lactose na ração pré inicial 1, fontes energéticas de alta digestibilidade, plasma sanguíneo de 6 a 8 %, 1,6 a 1,7 % de lisina, obviamente a inclusão destes ingredientes devem considerar o preço de mercado da produção do kg de suínos vivos, o sistema de produção do cliente e o preço dos ingredientes.

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

À medida que os leitões ficam mais pesados ou mais velhos no desmame, a quantidade das dietas mais complexas (Fases pré-inicial 1 e pré-inicial 2) fornecidas após o desmame pode ser reduzida.

No entanto, é interessante usar os mesmos ingredientes na fase pré-inicial 1 e pré-inicial 2 e reduzir gradativamente a inclusão de lactose e plasma sanguíneo entre as fases de produção.

A descrição de alguns detalhes sobre as dietas das fases pré-inicial 1, pré-inicial 2, inicial 1 e inicial 2, serão resumidas abaixo:

 

 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

O consumo de ração após o desmame é um elemento-chave para impulsionar o desempenho de crescimento em leitões desmamados. Embora as dietas complexas desempenhem um papel crucial no aumento da ingestão de ração nas primeiras semanas pós-desmame, é igualmente importante reconhecer que a complexidade da dieta pode e deve ser reduzida rapidamente.

Isso deve ser ajustado em função do avanço da idade e ganho de peso, na gestão dos custos da ração por unidade de ganho e nas condições das granjas.

Um programa nutricional bem estabelecido é fundamental para garantir não apenas o desempenho ideal dos suínos, mas também a viabilidade econômica da produção suína.

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

Referências bibliográficas

Sob consulta do autor

Relacionado com Nutrição e Alimentação
Sectoriales sobre Nutrição e Alimentação

MAIS CONTEÚDOS DE AGRONUTRI

Dados da empresa
país:1950

REVISTA SUÍNO BRASIL

Inscreva-se agora para a revista técnica de suinocultura

EDIÇÃO suínoBrasil 3º TRI 2024
Como a via êntero-mamária nas matrizes suínas modula a microbiota dos leitões?

Como a via êntero-mamária nas matrizes suínas modula a microbiota dos leitões?

Pedro Henrique Pereira Roberta Pinheiro dos Santos Vinícius de Souza Cantarelli Ygor Henrique de Paula
Uso do sorgo na alimentação de suínos

Uso do sorgo na alimentação de suínos

Ana Paula L. Brustolini Ednilson F. Araujo Fabiano B.S. Araujo Gabriel C. Rocha Maykelly S. Gomes
Fornecimento de ninho: muito além do atendimento à instrução normativa

Fornecimento de ninho: muito além do atendimento à instrução normativa

Bruno Bracco Donatelli Muro César Augusto Pospissil Garbossa Marcos Vinicius Batista Nicolino Matheus Saliba Monteiro Roberta Yukari Hoshino
Função ovariana: Estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea suína – Parte II

Função ovariana: Estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea suína – Parte II

Dayanne Kelly Oliveira Pires Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida Isadora Maria Sátiro de Oliveira João Vitor Lopes Ferreira José Andrés Nivia Riveros Luisa Ladeia Ledo Stephanny Rodrigues Rainha
Vacinas autógenas na suinocultura – Parte II

Vacinas autógenas na suinocultura – Parte II

Ana Paula Bastos Luizinho Caron Vanessa Haach
DanBred Brasil: novo salto em melhoramento genético aumenta desempenho produtivo e eficiência na suinocultura brasileira

DanBred Brasil: novo salto em melhoramento genético aumenta desempenho produtivo e eficiência na suinocultura brasileira

Geraldo Shukuri
Principais doenças entéricas em suínos nas fases de creche e terminação

Principais doenças entéricas em suínos nas fases de creche e terminação

Keila Catarina Prior Lauren Ventura Parisotto Marcos Antônio Zanella Morés Marina Paula Lorenzett Suzana Satomi Kuchiishi
Performance de suínos em crescimento e terminação com uso de aditivo fitobiótico-prebiótico

Performance de suínos em crescimento e terminação com uso de aditivo fitobiótico-prebiótico

Equipe técnica Vetanco
SIAVS: ponto de encontro da proteína animal para o mundo

SIAVS: ponto de encontro da proteína animal para o mundo

O uso do creep feeding e o desafio de se criar leitões saudáveis e produtivos

O uso do creep feeding e o desafio de se criar leitões saudáveis e produtivos

Felipe Norberto Alves Ferreira
Alimentando o futuro das produções animais, Biochem apresenta soluções inovadoras para uma nutrição de precisão

Alimentando o futuro das produções animais, Biochem apresenta soluções inovadoras para uma nutrição de precisão

Equipe Técnica Biochem Brasil
Insensibilização de suínos: os diferentes métodos e suas particularidades

Insensibilização de suínos: os diferentes métodos e suas particularidades

Luana Torres da Rocha

JUNTE-SE À NOSSA COMUNIDADE SUÍNA

Acesso aos artigos em PDF
Informe-se com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente na versão digital

DESCUBRA
AgriFM - Los podcast del sector ganadero en español
agriCalendar - El calendario de eventos del mundo agroganaderoagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formación para el sector de la ganadería