Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
Um programa nutricional bem estabelecido é fundamental para garantir não apenas o desempenho ideal dos suínos, mas também a viabilidade econômica da produção suína.
Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
Na produção de suínos, a fase de maternidade e creche são desafiadoras, pois, os leitões necessitam superar fatores adversos, à exemplo do desenvolvimento do sistema gastrointestinal, imune e antioxidante.
Na fase de desmame, ocorre a troca da dieta líquida para sólida, mistura de lote, transporte e troca de ambiente, fatores que intensificam o estresse e o desenvolvimento de bactérias nocivas que podem causar diversas enfermidades.
Estes são fatores bem conhecidos pelos produtores e nutricionistas. A fim de minimizar estes problemas, foram desenvolvidos diversos manejos, soluções ambientais e nutricionais.
Os produtores ou integradores buscam soluções que se adequem melhor ao seu sistema e que maximizem a produção.
Nas primeiras semanas de vida dos leitões, a enzima com maior atividade é a lactase devido ao consumo de leite materno.
Após o desmame, a atividade da lactase reduz, enquanto a atividade das enzimas protease, amilase, lipase e maltase aumentam (Figura 1), devido ao fornecimento de ingredientes proteicos oriundos de fontes vegetais e de origem animal, à exemplo de derivados da soja e milho, farinhas de sangue, plasma sanguíneo, farinha de peixes etc.
Figura 1. Adaptado de Manners et al. (1972) and Kitts et al. (1956).
Na fase de maternidade os leitões têm como a principal dieta o leite materno, que tem a seguinte composição físico-química:
Um manejo nutricional comum é o fornecimento de uma dieta (creep-feeding) dos 5 dias de vida até o desmame, também há a possibilidade de fornecer sucedâneos lácteos aos leitões.
A dieta creep-feeding e os sucedâneos lácteos devem apresentar composições semelhantes ao leite materno.
Considerando a proporção sólida do leite, a dieta creep-feeding e sucedâneos lácteos devem apresentar aproximadamente:
Nos sucedâneos e creep-feeding devem ser utilizados ingredientes com alta digestibilidade, à exemplo de:
Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
O fornecimento de sucedâneos lácteos se mostra um manejo nutricional eficaz em suplementar este déficit de produção de leite nas matrizes suínas hiperprolíferas, resultando em maior peso ao desmame e uniformidade de lote ao desmame.
O leitão na fase de desmame com a saúde intestinal mais robusta, consome mais água e a dieta sólida em menor tempo em comparação aos que não receberam creep-feeding, fatores importantes para o bom desenvolvimento dos leitões na primeira semana de creche e índices produtivos de creche (Sulabo et al., 2010).
Para auxiliar na redução do estresse pós desmame e aumentar o consumo dos leitões nos primeiros dias de vida pós desmame, os seguintes manejos podem ser adotados:
Nos programas nutricionais devem ser considerados:
Os programas nutricionais para a fase de creche podem ser compostos de três a seis fases e podem considerar diversos fatores, como os expostos abaixo:
A maioria dos sistemas de produção de suínos utiliza um programa nutricional de quatro fases para leitões de creche (pré-inicial 1, pré-inicial 2, inicial 1 e inicial 2).
Um programa nutricional em fases permite combinar as exigências nutricionais, as capacidades digestivas dos leitões de creche com a dieta mais econômica possível, e alcançar o desempenho máximo na creche.
Os leitões recém-desmamados têm alta capacidade de deposição proteica em relação à quantidade da ração consumida. Portanto, as dietas precisam ser formuladas com ingredientes proteicos de alta digestibilidade.
Como a ingestão de ração após o desmame é baixa, fornecer dieta com composição semelhante à do leite materno é uma estratégia sensata.
É interessante a inclusão de 15 a 20 % de lactose na ração pré inicial 1, fontes energéticas de alta digestibilidade, plasma sanguíneo de 6 a 8 %, 1,6 a 1,7 % de lisina, obviamente a inclusão destes ingredientes devem considerar o preço de mercado da produção do kg de suínos vivos, o sistema de produção do cliente e o preço dos ingredientes.
Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
À medida que os leitões ficam mais pesados ou mais velhos no desmame, a quantidade das dietas mais complexas (Fases pré-inicial 1 e pré-inicial 2) fornecidas após o desmame pode ser reduzida.
No entanto, é interessante usar os mesmos ingredientes na fase pré-inicial 1 e pré-inicial 2 e reduzir gradativamente a inclusão de lactose e plasma sanguíneo entre as fases de produção.
A descrição de alguns detalhes sobre as dietas das fases pré-inicial 1, pré-inicial 2, inicial 1 e inicial 2, serão resumidas abaixo:
Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
O consumo de ração após o desmame é um elemento-chave para impulsionar o desempenho de crescimento em leitões desmamados. Embora as dietas complexas desempenhem um papel crucial no aumento da ingestão de ração nas primeiras semanas pós-desmame, é igualmente importante reconhecer que a complexidade da dieta pode e deve ser reduzida rapidamente.
Isso deve ser ajustado em função do avanço da idade e ganho de peso, na gestão dos custos da ração por unidade de ganho e nas condições das granjas.
Um programa nutricional bem estabelecido é fundamental para garantir não apenas o desempenho ideal dos suínos, mas também a viabilidade econômica da produção suína.
Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche
Referências bibliográficas
Sob consulta do autor
Inscreva-se agora para a revista técnica de suinocultura
AUTORES
Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste
Bruno de Moraes Charli Ludtke Nina M de OliveiraExplorando alternativas à ractopamina na nutrição de suínos: aditivos em foco
Beatriz Ribeiro Felipe César Augusto Pospissil Garbossa Laya Kannan Silva AlvesUso de Desinfetantes na Suinocultura
Andrea Karoline Mascitti Daniela Pinheiro Taís Regina Michaelsen Cê Tamara FloresPesando o sucesso: O impacto do desempenho durante a fase creche sobre o peso ao abate de suínos
César Augusto Pospissil Garbossa Fabrício Faleiros de Castro Gustavo Gattás Maíra Resende Rhuan Filipe Chaves Vinícius de Souza CantarelliMade in Brazil: a carne suína avançando no mundo
Luís RuaMicotoxinas em suínos – Deoxinivalenol (DON)
Gefferson Almeida da Silva José Paulo Hiroji SatoFunção ovariana: Estabelecendo a vida reprodutiva da fêmea suína – Parte 1
Dayanne Kelly Oliveira Pires Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida Isadora Maria Sátiro de Oliveira João Vitor Lopes Ferreira José Andrés Nivia Riveros Luisa Ladeia Ledo Stephanny Rodrigues RainhaBem-estar animal: uma necessidade
Clarice Speridião Silva NetaVacinas autógenas na suinocultura – Parte I
Ana Paula Bastos Luizinho Caron Vanessa HaachAmbiência no inverno em granjas de suínos
Cleandro Pazinato Dias Fabricio Murilo Beker Jade PellenzDo estigma ao estrelato: A ascensão da carne suína no coração do consumidor
Lívia Machado