agronutri topo janeiro/24
28 maio 2021

Streptococcus suis é um patógeno primário ou secundário?

Streptococcus suis é um importante patógeno bacteriano de suínos com distribuição mundial, tendo como resultados clínicos e patológicos de infecção. E afinal, O Streptococcus suis deve ser considerado um patógeno primário ou secundário? Clique aqui para encontrar a resposta a este questionamento.

Streptococcus suis é um patógeno primário ou secundário?

Streptococcus suis é um importante patógeno bacteriano de suínos com distribuição mundial, tendo como resultados clínicos e patológicos de infecção mais comuns:

  • meningite,
  • artrite,
  • endocardite,
  • septicemia e
  • morte súbita.

A definição e o diagnóstico de doenças associadas a S. suis podem ser complexos.

O Streptococcus suis deve ser considerado um patógeno primário ou secundário?

A situação se complica ainda mais quando se fala em doenças respiratórias, visto que historicamente o patógeno tem sido considerado um patógeno secundário dentro do complexo das doenças respiratórias suínas (CDRS).

Streptococcus suis é um patógeno respiratório ou estritamente sistêmico?

S. suis é um habitante normal do trato respiratório superior e a presença de cepas potencialmente virulentas por si só não garante o aparecimento de sinais clínicos.

Nesse contexto pouco claro, foi proposto que a coinfecção com alguns patógenos virais e bacterianos pode influenciar significativamente a gravidade das doenças associadas ao S. suis e pode ser a chave para entender como a infecção se comporta no campo.

Complexidade da transição de infecção para doença clínica 

Como mencionado, S. suis é um habitante normal do trato respiratório superior.

A presença de cepas potencialmente virulentas por si só não garante o aparecimento de sinais clínicos, que às vezes se manifestam na ausência de tais cepas, como é o caso da América do Norte, onde cepas altamente virulentas raramente são isoladas.

 

Na verdade, altas doses de inóculo (principalmente cepas virulentas do sorotipo 2) e vias agressivas não naturais de inoculação (intraperitoneal ou intravenosa) ou, às vezes, duas vias simultâneas de infecção (intranasal e intramuscular) têm sido usadas em ensaios experimentais com suínos convencionais para reproduzir a doença clínica.

Tem sido proposto que, além da potencial virulência das cepas presentes no rebanho, diversos fatores podem influenciar no aparecimento dos sinais clínicos:

Fatores ambientais: As doenças relacionadas incluem ventilação insuficiente, alta umidade, saneamento inadequado, altos níveis de poeira e amônia e grandes variações de temperatura entre a noite e o dia.

Fatores de manejo: Com o alto nível de criação cruzada, superlotação, cortes de dente e rabo, corte de orelha, mistura dos lotes de diferentes idades, má adaptação a ração sólida no período de creche e baixos níveis de vitamina E também foram citados como fatores importantes.

Fatores hospedeiros: Uma vez que os níveis elevados de estresse e a presença/ausência de anticorpos anti- S. suis também podem influenciar na manifestação da doença clínica.

De fato, foi demonstrado que os sinais clínicos manifestam quando o nível de anticorpos maternos está baixo; os anticorpos se elevam lentamente no final do período pós-desmame e os animais tornam-se mais resistentes à infecção.

Esses anticorpos não seriam necessariamente todos específicos para as cepas virulentas de S. suis presentes no rebanho, mas provavelmente também para outros S. suis ou mesmo outros Streptococcus que estão normalmente presentes nas amígdalas.

Presença de coinfecções: Foi sugerido que as coinfecções desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença de S. suis.

S. suis deve ser considerado um patógeno respiratório ou sistêmico? 

Embora muitos estudos tenham abordado o papel do S. suis em doenças respiratórias, a via de entrada de um patógeno deve ser diferenciada da patologia induzida.

Além disso, há uma hipótese proposta de translocação intestinal (ainda a ser confirmada), de que a principal via de infecção para a doença sistêmica de S. suis é a via respiratória, e a transmissão da infecção pelo ar foi claramente demonstrada.

Nesse contexto, pode-se argumentar se S. suis deve ser considerado um verdadeiro patógeno respiratório.

Os agentes infecciosos envolvidos no complexo de doenças respiratórias suínas  são classificados como patógenos primários ou secundários (ou oportunistas).

Patógenos primários são definidos como aqueles que podem infectar o animal como o primeiro patógeno único e, então, facilitar a coinfecção ou coinfecções secundárias ou oportunistas.

S. suis é geralmente considerado um patógeno secundário/oportunista. Entretanto, o papel do S. suis na patologia respiratória, mesmo como agente oportunista, ainda não está claro.

Conclusões

Estudos recentes abordaram coinfecções de S. suis com importantes patógenos suínos, e novos mecanismos de interações patogênicas, virais e bacterianos, foram propostos.

Porém, devido à importância dada às coinfecções das doenças associadas ao S. suis, o número de estudos (principalmente abordando os mecanismos) é consideravelmente baixo.

 

Em geral, patógenos virais podem destruir a barreira epitelial e aumentar a permeabilidade da superfície mucosa, enquanto PRSS pode ter um impacto negativo nas funções dos macrófagos alveolares pulmonares e intravasculares e o PCV-2 tem um forte tropismo nos linfoblastos.

No entanto, como esses mecanismos realmente afetam a patogenicidade de S. suis ainda é discutível. Da mesma forma, o aumento da inflamação (uma marca registrada das infecções por S. suis) causado pela coinfecção com outros patógenos também pode desempenhar um papel importante.

Por outro lado, a maioria dos estudos de coinfecção mostrando regulação positiva de mediadores inflamatórios foi realizada in vitro e os dados ainda não foram validados in vivo no hospedeiro natural.

Por fim, a maioria dos dados sobre coinfecções (e mecanismos envolvidos) de S. suis com outros patógenos bacterianos não estão disponíveis.

 

Fonte: Obradovic, M.R., Segura, M., Segalés, J. et al. Review of the speculative role of co-infections in Streptococcus suis-associated diseases in pigs. Vet Res 52, 49 (2021). https://doi.org/10.1186/s13567-021-00918-w

Relacionado com Patologia e Saúde Animal
Sectoriales sobre Patologia e Saúde Animal
país:1950

REVISTA SUÍNO BRASIL

Inscreva-se agora para a revista técnica de suinocultura

EDIÇÃO suínoBrasil 1º TRI 2024
Estreptococose em suínos

Estreptococose em suínos

Adriana Carla Balbinot Fabiana Carolina de Aguiar Mariana Santiago Goslar Taís Regina Michaelsen Cê
Ferramentas tecnológicas e inovadoras na Suinocultura: muito mais que nutrição

Ferramentas tecnológicas e inovadoras na Suinocultura: muito mais que nutrição

Ana Caroline Rodrigues da Cunha
Salmonella, uma vilã na suinocultura

Salmonella, uma vilã na suinocultura

Luciana Fiorin Hernig
Uso de fitogênico para leitões na fase de creche como melhorador de desempenho natural em substituição aos antibióticos promotores de crescimento

Uso de fitogênico para leitões na fase de creche como melhorador de desempenho natural em substituição aos antibióticos promotores de crescimento

Equipe técnica de suínos da Vetanco
A importância da temperatura da água de bebida para suínos

A importância da temperatura da água de bebida para suínos

Joana Barreto
Suinocultura sustentável e a carne carbono negativo

Suinocultura sustentável e a carne carbono negativo

Rodrigo Torres
Deficiência de ferro em suínos: Patogenia, sinais clínicos, diagnóstico, controle e tratamento

Deficiência de ferro em suínos: Patogenia, sinais clínicos, diagnóstico, controle e tratamento

Cândida Pollyanna Francisco Azevedo
Interpretação de laudos laboratoriais na suinocultura: Critérios essenciais para chegar ao diagnóstico e tomada de decisão

Interpretação de laudos laboratoriais na suinocultura: Critérios essenciais para chegar ao diagnóstico e tomada de decisão

Amanda Gabrielle de Souza Daniel
Impacto, desafios sanitários e produtivos do manejo em bandas na suinocultura

Impacto, desafios sanitários e produtivos do manejo em bandas na suinocultura

Ana Paula Mellagi Bernardo Dos Santos Pizzatto Fernando Pandolfo Bortolozzo L. D. Santos Leonardo Abreu Leal Rafael da Rosa Ulguim
Mecanismo de ação dos AA funcionais para melhorar a robustez de suínos em desafio

Mecanismo de ação dos AA funcionais para melhorar a robustez de suínos em desafio

Antônio Diego Brandão Melo Ismael França Luciano Hauschild
Betaína como aditivo modificador de carcaça para suínos

Betaína como aditivo modificador de carcaça para suínos

Amoracyr José Costa Nuñez César Augusto Pospissil Garbossa Mariana Garcia de Lacerda Vivian Vezzoni de Almeida
Desvendando o custo oculto: explorando o impacto do estresse oxidativo na produção de porcas

Desvendando o custo oculto: explorando o impacto do estresse oxidativo na produção de porcas

Allan Paul Schinckel César Augusto Pospissil Garbossa

JUNTE-SE À NOSSA COMUNIDADE SUÍNA

Acesso aos artigos em PDF
Informe-se com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente na versão digital

DESCUBRA
AgriFM - Los podcast del sector ganadero en español
agriCalendar - El calendario de eventos del mundo agroganaderoagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formación para el sector de la ganadería